O pai e o baú

Os trancados na caixa.

Diz a fábula que uma moça muito linda, morena jambo sempre caminhava pelas ruas com seus amigos preferidos. Eram três. Essa moça sempre dedicada preocupava-se em servir a todos da forma que lhe parecia melhor. Enquanto isso, seu pai observava tudo. Ele selecionou um baú de madeira maciça, fez molduras bem alinhadas, como que provençais. Ele acolchoou a parte interna do baú com tecido aveludado branco , alvo, muito alvo. A verdade é que ele gostava dela, mas se fazia de durão porque afinal de contas , dizem que esse é o papel do pai. O baú estava sendo feito enquanto ela servia seus amigos. A cada dia que ela cuidava de alguém ou de algo que o seu pai se agradava, ele melhorava a qualidade do baú. Chegou um tempo que o objeto tinha tinta dourada, com purpurina, pedras de pérolas brancas e uma tranca de ouro maciço. Lindo demais. Consegue imaginar um baú assim? O pai o encheu de presentes. De todo tipo, de tudo que se pode imaginar. Coisas maravilhosas e todas que ele sabia que ela precisava e iria amar. Havia nele itens que ela pediu quando menininha cabeçudota. E de tudo isso o pai pôs lá.

Acontece que logo que o baú ficou pronto a moça foi a uma festa e lá passou a noite toda sorrindo com novos amigos, ela conversou tanto que acabou decidindo agradá-los, mas como?! De repente ela, pensou vou dar um presente. Por isso, ela doou o seu relógio preferido a um sitiante, o mais alegre que estava na festa . Daí o pai se enfureceu e trancou o baú. Decidindo que não daria mais nada a ela, porque o relógio foi ele quem deu. Sem que ela soubesse que o pai estava furioso e ela não detinha mais os seus cuidados. Começou a andar com os sitiantes e não mais com seus amigos, caminhava em praias, restaurantes. Todo tipo de lazer era legal. Só que ela não tinha percebido a fúria de seu pai. Com o tempo ela percebeu que precisava ver as horas e pediu ao sitiante deixe-me ver a hora em meu relógio. E ele por sua vez disse: Relógio?! Taaaaaarde!!! Não há seu relógio. Você o deu a mim, não se lembra?! E ela se entristeceu lembrando-se que foi o seu pai quem a deu, porém era taaaaaarde! Não se dando por satisfeita ela despediu-se do sitiante e todos que estavam com ela e foi a casa procurar o pai e pedir perdão pelo relógio doado. O pai com semblante decepcionado olhou bem nos olhos dela e disse: Venha aqui eu vou lhe mostrar o que eu fiz a você. Ele mostrou o baú. Ela ficou maravilhada. Era tão lindo que não se pode descrever. Com lágrimas nos olhos, ela agradeceu enquanto ouvia o pai falar. "Eu vou abrir o seu baú, nele há todo tipo de presente, pelo seu tempo em serviço aos seus amigos, eu guarda a todos, deixei-os trancados para te entregar somente na minha presença e agora estamos aqui para abrir." Ela sorriu! Ele chorou!

Dayane Gomes Cunha
Enviado por Dayane Gomes Cunha em 22/09/2023
Reeditado em 22/09/2023
Código do texto: T7891700
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.