Breves Dísticos ( À Moda de Millôr Fernandes )

A linda gatinha aos vinte enamorou-se do maduro cinquentão. Era o cara mais “descolado” que ela já tinha conhecido.

Chato é aquele cara que tem vontade de fumar quando você acende o seu cigarro.

Adoro crianças. Na foto da carteira do pai e o pai bem longe de mim.

Não só os jornalistas devem olhar os políticos de cima para baixo assim como todo cidadão normal que não tem enrosco com a Justiça Criminal.

Tribunais são lugares onde muitos são mal remunerados para fazerem demais e uma minoria é regiamente remunerada para fazer nada.

Nasci em Curitiba. Cresci em Curitiba. Escrevi em Curitiba. Formei bandas em Curitiba. Tiro meu sustento em Curitiba. Fiz vários amigos em Curitiba. Conheci muitas mulheres bonitas e outras interessantes e inteligentes em Curitiba. Que vergonha!

“Curitiba não tem mar, mas tem bar”. E estes fecham cedo demais. Quando abrem.

Eu gosto de cachorros. O que não tolero são os donos.

Tem gente que me acusa que eu bebo demais. Eles que não percebem que bebem de menos.

E falando em bebida: a caretada dessa cidade anda pirando demais. Ou de menos.

Uma coisa eu venho percebendo. O Word quer escrever por mim. Por mim, tudo bem.

Garotas mais novas com homens mais velhos. Garotos mais novos com mulheres mais velhas. A espécie humana haverá de ser preservada.

Os ricos e os pobres não tem nada contra mim. Quem quer me fuzilar é a maldita classe média.

Detesto pessoas que me dizem que só bebem cerveja e ainda fazem isso com aquele ar de “geração saúde”. A culpa não é minha se eles acham que pança é sinal de saúde.

À moda de Tim Maia: “o gordo ultimamente não tem penetrado e nem beijado”. Maldito padrão imposto de beleza!

Cada dia que passa entorno uma dose a mais. Alguns chamam de compulsão o que eu acho um prazer.

O que eu tenho contra essa onda de “politicamente correto”? No Brasil alguém já viu algo político correto?

Sou contra a Direita por ser conservadora ao extremo. Sou contra a esquerda por ser intolerante ao extremo. E sou contra o centro por esse motivo mesmo.

Juízes são profissionais (?) extremamente mimados pelo sistema para se acharem numa posição de deus e fazer a mesma coisa que ele: Arbitrariedades e absurdos.

Não sou contra a guerra. Sou contra os vencedores que escrevem e distorcem a história.

Não tenho credo, não tenho ideologia, não tenho opiniões, não simpatizo com partidos. Meu partido ainda é do “Sexo, Drogas & Rock and Roll”.

Pediram para eu declarar publicamente meu voto e coloquei uma camiseta que anunciava: “Keith Richards for President”. Pareceu-me o mais honesto.

Esses jovens de hoje dia que acha que estão “causando”! “Causando” o quê? Nos anos oitenta o simples fato de eu sair de casa já era caso de polícia.

Falando em anos 80: durante dois anos eu e os meus conhecidos levávamos achaque da polícia militar pelo simples motivo que nos vestíamos diferente. Por esses longos anos, apanhamos calados até o dia que o caldo entornou e os milicianos tomaram o troco e foram levando coturnaço e chute de bico de all star do Bar do Lino até a Riachuelo. No dia seguinte todos os jornais da capital anunciavam garbosamente em suas primeiras páginas: ‘GRUPOS DE VÂNDALOS AGRIDEM POLICIAIS MILITARES EM PLENA LUZ DO DIA NO CENTRO DA CIDADE’.

Tem gente semianalfabeta que se gaba em ser escritor e que comete esse erro comum: “estavam sentados na mesa bebendo cerveja”. Eu conheço gente que faz isso no sentido literal.

Ainda sobre os anos oitenta. Se você acha que foi a “década perdida” é porque estava lá. Se acha que não é porque não estava. E se fica em dúvida de que isso existiu é porque nasceu em 1991.

Toco, canto e escrevo. E ainda sobra um tempinho pra trabalhar.

O melhor dia para beber tranquilo no bar é segunda feira. O melhor dia para você sair de casa, não conseguir comprar um trago sequer e ainda por cima se incomodar é no sábado.

Domingos são feitos para curar a ressaca. Ou conseguir outra.

A maconha nunca será legalizada no Brasil. Maconha não combina com propina.

Nepotismo não existe. O filho do governador trabalha no gabinete do deputado estadual que é filho do desembargador.

No Brasil não existe corrupção. É patológico. É só cleptomania.

Cleptomaníaco é aquele sujeito que tem todos os trabalhos do Eric Clapton.

Curitiba, 14 de maio de 2012, 13 graus célsius – Outono.

Geraldo Topera
Enviado por Geraldo Topera em 14/05/2012
Código do texto: T3667495
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