O corte

Se feri ou magoei foi por que nem sabia da dor ainda.Conheci essa “coisa” só quando me deixei prender.

Prefiro os olhos, eles não mentem pra mim, eles falam a verdade enquanto a boca mente, simultaneamente.

Quando me castigo retiro da minha frente o verso que me faz querer, a poesia que me faz gemer, a estrofe que me faz arder.

Já me afoguei tantas vezes que nem sei mais respirar fora d’água.

Se sofrer é essa dor gostosa que me faz sentir saudades quero sofrer infinitas vezes por dia.

Dilacerei minha alma quando ouvi uma música que ganhei de presente, ela me fez entender que o futuro não há.

Ainda vou escrever a música que me fará acreditar que eu existo de fato e de direito.

Quero tocar no violão uma música que faça alguém sorrir, me alimento de sorrisos e não de público, de seguidores, de plateia.

Minhas cicatrizes são minhas companheiras de viajem, a mais recente é lindamente nua, crua, sem limite.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 15/08/2013
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