Rancor?!
Nunca fui de guardar rancores. Arranco todos que posso. Tiro até as funduras da raiz. Nossas interioridades conservam certos excessos que, se ficarem por ali, acabam crescendo e ganhando vida na vida que tira de nós. Tudo neles (nos excessos) são lascas, gorduras cheias de “quero ficar”. Confesso até que, para não engordá-los mais, prefiro inventar outros, substituir para arejar os “debaixo da pele” – sufocá-los não dá, daí morremos. Sim, só sei sentir mentindo. Mentir é uma estratégia para enganar a fome de nossos egos, porque, como disse o poeta, “tudo o que não invento é mentira”.