Medusa e os espelhos

Medusa (a górgona) é a melhor de todas as representações dos espelhos. Quando a olhamos, petrificamos, pois é quando percebemos que a feiura dela é também a nossa. Sim, só no reflexo dos escudos dos outros é que ficamos mais confortáveis para confrontarmos nossas próprias imagens. Elas recebem os filtros dos "tu és legal". E não, não dá mesmo para encarar diretamente nenhum "eu", viramos pedras, daí (conhecem o mito). Perseu, por exemplo. Ele só conseguiu vencer(-se) desse modo, espreitando e não olhando para o que ele mesmo era, já que nenhum ego suporta um confronto tão direto assim. Pois então. A sinceridade é vista desse jeito mesmo: uma górgona feiosa e cheia de cobras na cabeça. Só que não deveria ser.

Espelho, espelho meu... Não. Pare. Está louco. Jamais pergunte isso, pô. Quer virar pedregulho?

Dilso Santos
Enviado por Dilso Santos em 06/10/2015
Reeditado em 06/10/2015
Código do texto: T5406666
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