Medusa e os espelhos
Medusa (a górgona) é a melhor de todas as representações dos espelhos. Quando a olhamos, petrificamos, pois é quando percebemos que a feiura dela é também a nossa. Sim, só no reflexo dos escudos dos outros é que ficamos mais confortáveis para confrontarmos nossas próprias imagens. Elas recebem os filtros dos "tu és legal". E não, não dá mesmo para encarar diretamente nenhum "eu", viramos pedras, daí (conhecem o mito). Perseu, por exemplo. Ele só conseguiu vencer(-se) desse modo, espreitando e não olhando para o que ele mesmo era, já que nenhum ego suporta um confronto tão direto assim. Pois então. A sinceridade é vista desse jeito mesmo: uma górgona feiosa e cheia de cobras na cabeça. Só que não deveria ser.
Espelho, espelho meu... Não. Pare. Está louco. Jamais pergunte isso, pô. Quer virar pedregulho?