DOM MESCALITO

Acorde, enxugue o barulho de teus olhos e me mostre a vontade do bem e do mal. Deixe eu te falar sobre a vida, a morte e como o nada tem fim. Escolha agora, deixe-se alucinar pelas viajens, dos xamãs da vaidade e das estrelas sob o fogo dos céus. Deixe eu te falar, mas tape os ouvidos para não se machucar com o amor, com sonhos reais de viajens pelos teus cabelos, teu sexo, tua vida. A luz, que fere olho escuros, castanhos pela dor, feche os olhos e deixe-se guiar, se jogue e deixe-se ir por lugares inexistentes ao Sol. A perda da vida faz anjos sob as pedras da verdade.

Você sabe da nossa existência? A tua morte foi prazeirosa? Os dias se acabaram mais ninguém apagou a luz, o cérebro terminou e o sonho nos dominou como em um pesadelo. Não entendemos mais nada e as Luas não passam de dias inteiros. Nós perdemos o senso de realidade e os cristais da vida valem tanto quanto o nada. Quando iremos nascer de verdade? Quando os olhos se virarem de novo para a perdição do sexo e da vida, pois o que temos não passa da morte em movimento, quando o tudo for nada e ninguém for o dono da vida. Você esqueceu as chaves antes de morrer?

A noite, quando crianças rezam e as nuvens chovem, quando o céu, a Lua e as estrelas acordam, a noite quando se despertam risos e gritos que ecuam, uma alma não sabe ir, um corpo de emoções mostra que é noite que a vida se mostra.

Sem sonhos e nem amores, esse corpo vaga pelos cômodos da casa, ele sai do quarto e vê a escuridão, a solidão. Vai ao banheiro mas desvia o olhar do espelho, tem medo, tem dor, mas ele continua a vagar pela escuridão. Mas um dia, você acordará , um extranho irá abrir a tua porta e te dirá o que nunca foi dito.

Dois cópos, em um a água, a vida real, no outro o alcool, o elixir dos sonhos e pesadelos perdidos. O que você anda fazendo? Eu vou te matar, eu vou te matar mas antes, eu preciso do teu perdão, suplico dias noites e até anos inteiros, o teu sangue, as tuas lágrimas por todo o chão. Mas há um corpo que não tem sonhos e nem pesadelos, tem realidade, por onde ele vaga, nas noites de frio ou calor ele vaga, sem dor, sem pudor.

Veja, não era o dia e nem a noite, a primeira coisa que você vê. Os corpos e as lentes enchergam penas sob penhascos infinitos. A estrada é cortada em duas listras, as duas luvas da mentira, a perda de Deus. Mas os índios não diriam nada por perdermos a noção de tudo. Agora, ouça o vento bater em tuas costas até a morte e, com sorte você verá os dias se transformarem em madrugas vazias, perdidas e ganhadas, como a vida, como as morte e a ilusão de nossos pensamentos. Nós precisamos do alcool, das orgias e dos rituais de volta, como é grande a criação de que nada acaba, numa jornada ao pesadelo o sorriso é tocado.

Nós somos os símbolos de temperamentos e da diminuição dos reis dourados. Descansem em paz os sentimentos e as verdades, onde jaz a morte de tudo e de todos. Os quartos do reino foram esquecidos, a vida de elos perdidos em dias de chuva esquecidos. Sob horas de tédio e ponteiros sem força, as horas param e se perguntam por onde começar. Onde está a festa que nos foi prometida? Está no vinho, na morte ou na exaltação da vida. Os rios não correm por acaso e o Sol não brilha fraco por vontade de algo ou de alguém, os dias se passam e você só vê a escuridão? Tente chorar, rir, ir e voltar aos sonhos reais, pois nosso cérebro transforma os sonhos em realidade,nos fazendo sentir a existência.

As mémórias de dias, noites e madrugadas de inverno, sob pedras e cachecóis os dias congelam ao Sol. Ao espairecer da Lua, o Sol, domina o deserto, o rei de semanas inteiras. As tempestades e os navios inexistentes passam por invernos e verões, mas nunca atingem a verdade absoluta do bem e do mal. Nós criamos a mentira, atravessamos a verdade e atingimos a nova realidade. Nossas máscaras não podem mais serem tocadas. Algum dia irá realmente nascer? Alguma verdade algum dia será dita? Acorde, veja a sorte das águas virar um mar de incesto e de vidas perdidas, esqueça o que nos foi ensinado e parta para outro lugar, fuja das facas e dos corações, mostre-me o que é mostrado diante da morte e da vida.

A natureza é fonte da vida e da morte. O xamã traz boas e más notícias, traz curas e também maldições. As maldições podem ser mudanças no meio, que o xamã, por estar nos limites da tribo, percebe primeiro ao observar o comportamento alterado dos animais.

Agora precisamos de um santuário, um lugar para se esconder, onde iremos viajar por horas, Luas sem fim. Não haverá ódio e nem amor, nada irá acabar, não haverá ar para se respirar. Eu te chamei para uma nova experiência, te escolhi, para fundir nossas mentes em uma só, nossa carne e nossa alma se farão verdade, isso, agora pegue a água e derrame sob os teus pesadelos, pegue o alcool e viaje de volta, a viajem pode durar horas e horas. Doeu muito? Não se preucupe, a dor irá passar, a nausea também e, e então, você irá expandir tua consciência, um leque se abrirá e tua compreenção visual irá ultrpassar todos os limites de todas as gerações da humanidade.

Não deixe-nos, os dias nasceram e morreram, mas nada vai ultrapassar ou quebrar verdade. Por que construímos a nossa própria ilusão? Por que, é que vemos a noite como o sublime da vida? A noite nos é consebida pelo dia, como as lágrimas da criança aos desesperos Da Terra, os passos são contados durante toda a eternidade.

Os meus dias são contados em dozes folhas de prata, sob flores e cogumelos de minha alucinação. As únicas lembranças de infâncias e da inocência de manhãs de domingo se perdem em noites boêmias de verão. O Sol queima nossos olhos e nossa pele se confunde com o intenso mar de viajens a realidade. Talvez portas se fechem mas janelas se abrirão e então, você verá a confusão do universo, rodeado pelo céu e pelo inferno, teu filho, teu Adão, mas nunca poderemos ver o Sol dessas noites de verão.

A chama que não sai mais dos meus olhos, como o mal, ela queima a vida, as entranhas de manhãs malditas, sem piedade e nem compaixão. A chama da vida e da morte, do Sol e da Lua, a chama que corroe a alma dos soldados da repressão.

Bebam o sangue e o ódio de cada inimigo, isso, sinta cada parte de teu corpo adiquirindo suas dádivas, isso, sinta...antes que o fim nos enloqueça, sinta a tua vida, esqueça a tua existência, sinta a tua morte, sinta mais fundo, você gosta? Então vá, escorra todo o sangue, vá e não deixe lágrimas, enxugue o teu rancor dos olhos, adormeça no eterno luar da morte.

O quarto estava sozinho, apenas o vento, a luz e a escuridão da noite que afogava quem passava. O vento gritava e proclamva a dor para quem passava, os olhos viravam, apagando todas as viagens, todas as passagens, mas no fim não passa de mais uma miragem.

Você sabe da existência mas perdeu as chaves que tanto guardava quando percebeu que somos todos escravos do nosso próprio mau.

Ele olhou em volta e a música começou a tocar, mas tocou alto, tão alto que seus olhos viraram, os sonhos acabaram, não haviam mais amigos, nem música, nem filme algum, apenas a escuridão, a solidão e mais nada. Então o filho abriu os olhos, olhou em volta e, ele viu, como o vento que rasga a noite, ele viu a morte, o último suspiro, a última sorte. Nós vivemos e morremos e a vida não passa da morte em movimento, como em um projetor de existência, mas ainda estamos dormindo.

Nietzsche disse um dia, “ o pensamento mata o agir”, nós estamos amarrados e somos escravos da nossa própria consciência. A música está a nossa volta, sentida e ouvida. Grandes copulações dionísticas superam a moralidade e as história jamais contadas. Nós viajamos, vivemos e existimos, mas nosso demônios nos acorrentam a morte.

Aquela noite onde tudo poderia acontecer e o universo conspirava a teu favor, você não tinha mais desculpas e, e então o mundo acabou, teus olhos ardendo em chamas e teu coração pulsando por todo o corpo. Tua boca para nada servia, se engolia, não queria encontrar, a dor corroeu tuas noites. Por que não foi feito? Teu corpo não te obedece, você não é nada, sempre será apenas alguém.

Foi então que a luz de mais um dia renasceu das cinzas, como se nada tivesse ocorrido, um olhar perdido na escuridão da vida, um folha caída na primavera, o deserto, a tempestade que leva embora as esperanças no meio de tanto caos. O destino agora não se escrevia, se profetizava com o sangue de cada infeliz, acabava com a vida, com desdém e indeferença. O filho já triste e infeliz começou a questionar o por que de tudo aquilo. Mas sem piedade, a escuridão tomou conta do universo, não há mais como ir embora, o fim tomou conta de tudo que vemos.

Mas ele ainda via alguma esperança, a expansão da consciência, a única solução, o último fôlego em nosso pulmão já enfraquecido. A única solução, um outro universo ao qual não vemos, um outro lugar sem localização, ele percebeu que estaria dentro de si mesmo esse imenso paraiso.

Mas era impossível, não havia mapa de si mesmo, esse foi o seu maior peso, sua maior maldição, mas ainda havia outra saída, a morte, o único lugar de onde jamais voltaram seria o único lugar onde as esperanças não acabaram.

Os domingos costumavam ser mais quentes, a grama verde era deslisada sob o calor de sentimentos. A chuva nos esquentava e risos eram permanentes, nossa ignorância era incomprável, nosso dias de esquecimento acabram.

O santuário do tempo, a infância, a ignorância, mas mordemos do fruto e caímos em um mundo novo.

Onde está a festa que nos foi prometida?

Torstov Sazuo

cappaninni
Enviado por cappaninni em 03/07/2007
Código do texto: T550017