ATÉ FUI FELIZ... 2

Agora à tarde decidi ir até a frente da casa. Quando percebi que a poeira levantada por aquele ventinho moderado e tristonho bagunçou também minhas memórias. Senti-me sozinho, confesso. Olhei para o monte de telhados se horizontando à minha frente e me dei conta de que casas são apenas casas, nem sempre moramos nelas, mas construímos bastante. Sei bem que as verdadeiras nos acompanham: elas moram dentro da gente. Sim, algumas tardes escondem um monte de recordações. O Sol forte. O destempero dos ‘aléns’ que dançam nas distâncias. Tudo isso me fez visitar o garotinho sem medo da vida, sem medo de amar. A habitação veio para fora e me morou por algum tempinho. Naquele momento parei de crescer, de envelhecer. Fiz o caminho inverso. Virei criança... e ao som do motor de um carro passageiro, acordei. Olhei em volta e me dei conta de que não dava para voltar. Ah! Por alguns instantes até fui feliz.

Dilso Santos
Enviado por Dilso Santos em 15/01/2016
Código do texto: T5511903
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.