ATÉ FUI FELIZ... 3

A noite esvazia o dia para dentro da gente, ela acontece para clarear nossos escuros. Os silêncios vão se soltando para que, tranquilos, os pensamentos possam tricotá-los sem embolar. Para afinar todos eles é preciso desamarrá-los e reorganizá-los em um único e colorido bordado, pois as palavras revelam mundos que nem quem escreve é capaz de ver. Ah! Como é bonito esse teto arejado por estrelas. O anoitecer é como um cantinho escuro onde entulhamos nossos pensamentos. Sem ordem certa, pegamos um de cada vez e vamos organizando e separando conforme dá. O dia passou. O tempo passou. Só nós continuamos aqui a tricotar lonjuras. Por isso tirei os sapatos e fui caminhar na grama. Como o verde, antes clarinho, passou a musgo? Mas nossos pés não se enganam. Sentem tudo que há para sentir. Uma espécie de conexão com o mundo, com as coisas e consigo próprios – e ali, por alguns instantes, até fui feliz!

Dilso Santos
Enviado por Dilso Santos em 15/01/2016
Reeditado em 15/01/2016
Código do texto: T5511918
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.