Livro póstumo
Estive pensando. Vou deixar minha esposa ciente de onde guardo meus arquivos. Assim, em um futuro (espero que) distante – quando meus dedos estiverem já mortos –, talvez ela possa publicá-los nas "tijolações" de em um livro, porém sem o peso de meu receio, caso nunca se venda nenhum. Mortos tornam-se bons (quero tirar proveito disso), mesmo que nas bolinhas barrocas dos rosários que são cantados, apenas, nos funerais. Está certo, depois, naturalmente, sei também que se desfiarão a rolar, junto conosco, num tempo breve de espalhar lembranças. Contudo, quero tentar isso antes de ficar vagalumeando até, aos poucos, ser esquecido nos escuros do pó de onde voltarei a poeirar vazios.