A Gramática do Desejo
A Gramática do Desejo
Sensualidade... Desejo... De onde provém essa força tão tremenda que derriba o mais forte dos homens aos pés de frágeis mulheres? Ou a palavra “frágil” não tem o mesmo significado quando colocada como adjunto adnominal do feminino de homem, esse sujeito que às vezes se oculta debaixo de lençóis que não pertencem ao leito conjugal? Ali ele conjuga o verbo amar de forma irregular, mas não intransitiva, já que o objeto direto de seu amor é a outra, que por sua vez pode estar amando no presente a este homem, mas no futuro do pretérito estaria pensando em outro.
Dizem que o amor é o substantivo que move o mundo, mas os
homens são vítimas de outro vocábulo mais forte, mais rico em sílabas e em letras. Esse verbete é o desejo. Quando um macho é possuído por esse cruel agente da passiva, abstrato e mais poderoso que um canhão, aí, sim, quem vai tornar-se abstrato é o homem, sucumbindo seu corpo, escapando somente a alma, que, livre do invólucro carnal, poderá voar no infinito, presente, passado, futuro...