Veja o que mudou na ortografia brasileira

A NOVA ORTOGRAFIA – O QUE MUDOU COM O ACORDO ORTOGRÁFICO – PROF. ANDRÉ GOMES

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi aprovado em 1990, em Lisboa, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

O propósito desse acordo foi dar um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para seu prestígio internacional.

No dia 1° de janeiro de 2009 começou a transição para a nova ortografia, que dentro de três ou quatro anos, passará a ser definitivamente adotada no Brasil. Os livros didáticos com a nova ortografia chegarão às escolas no primeiro semestre deste ano. Entretanto, serão destinados aos alunos do primeiro ao quinto ano, em 2010; do sexto ao nono ano, em 2011 e do ensino médio, em 2012.

O que mudou na ortografia brasileira:

1.O alfabeto da língua portuguesa passa a ser composto de vinte e seis letras, isto é, foi incluso as letras k, w e y.

a)Antropônimos (nome próprio de pessoas) originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, fankliniano; Kant, Kantismo; Darwin, darwinismo;

b)Topônimos (origem de um nome geográfico) originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, Kuwaitiano; malawi, malawiano;

c)Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K – potássio (de kalium); W – oeste (de West) kg – quilograma, km – quilômetro, kW – kilo-watt; yd – jarda (yard); Watt.

Numa enumeração, deve-se empregá-las na sequência: a), b) c), ... j), k), l) ... t), u), v), w). x), y), z).

2.Os ditongos representados por ei e oi da sílaba tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre a pronúncia aberta e fechada não são mais acentuados: ideia, tal como aldeia, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio (subst.).

As palavras blêizer, contêiner, destóier, Méier, etc. são acentuadas por serem paroxítonas terminadas em -r.

3.Também não são mais acentuados as formas verbais paroxítonas que contêm um e tônico oral fechado em hiato com a terminação –em da 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo ou subjuntivo, conforme os casos: creem (indic.), deem (subj.), descreem (indic.), desdeem (subj.), leem (indic.), preveem (indic.), redeem (subj.) releem (indic.), reveem (indic.) tresleem (indic.), veem (indic.).

4.Dispensa-se o acento gráfico da vogal tônica do hiato oo em palavras paroxítonas, seguidas ou não de –s, como enjoo(s) (substantivo) e enjoo (flexão de enjoar), povoo (flexão de povoar), voo(s) (substantivo) e voo (flexão de voar), etc.

Receberá acento gráfico a palavra que, mesmo incluída neste caso, se enquadrar em regra de acentuação, como ocorre com herôon (espécie de santuário que era construído em homenagem aos antigos heróis gregos e romanos.), paroxítona terminada em –n.

5.Prescindi-se de acento as palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras átonas proclíticas. Assim deixam de se distinguir pelo acento gráfico:

Tônicas que eram acentuadas Átonas sem acento

forma (ô) (subst.) (facultativo) forma (verbo)

para (á) (verbo) para (preposição)

pelo (ê) (subst.), pelo (é)(verbo) pelo (preposição per + lo)

pera (ê) (substantivo) pera (preposição antiga)

polo (ó) (substantivo) polo (antiga preposição por + lo)

Inclui-se nesta regra a forma para (do verbo parar) quando entra num composto separado por hífen: para-balas, para-brisa(s), para-choque(s), para-lama(s). a forma monossilábica pra, redução de para, prescinde de acentuação gráfica (*prá) e de apóstrofo (*p’ra).

6.Prescinde do acento agudo nas vogais tônicas grafadas i e u das palavras paroxítonas, quando estas vogais estiverem precedidas de ditongo: bocaiuva, maoismo (corrente favorável ao pensamento de Mao Tse-tung, ou ao conjunto de orientações práticas por ele encaminhadas).

Em eoípo (denominação comum aos primeiros ancestrais dos cavalos) a pronúncia normal assinala hiato (e-o), razão por que tem acento gráfico.

7.Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tônica u nas formas rizotônicas, como veremos a seguir:

Presente do indicativo

arguo (leia-se arguo, mas não leva acento)

arguis (leia-se argúis, mas não leva acento)

argui (leia-se argúi, mas não leva acento)

arguísmo (aqui a sílaba tônica é í)

arguís (aqui a sílaba tônica é is)

arguem (leia-se argúem, mas não leva acento)

presente do subjuntivo

argua (leia-se argua, mas não leva acento)

arguas (leia-se arguas, mas não leva acento)

argua (leia-se argua, mas não leva acento)

arguamos (aqui a sílaba tônica é a)

arguais (aqui a sílaba tônica é ais)

arguam (leia-se arguam, mas não leva acento)

Os verbos do tipo de aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinqüir e afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm as formas rizotônicas igualmente acentuadas no u mas sem marca gráfica ou têm as formas rizotônicas acentuadas fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais.

8.O trema, sinal de diérese (hiato), é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Em virtude da supressão, abstrai-se o trema do u de gu ou de qu seguido de um e ou i: linguístico, cinquenta, frequenta, tranquilo, ambiguidade.

9.Emprego do hífen:

a)Usa-se o hífen nos prefixos em que o 1° elemento termina por vogal e o 2° elemento por vogal igual à vogal do 1° elemento:

anti-inflamatório eletro-ótica sobre-edificar

arqui-inteligente contra-almirante semi-interno

micro-ondas auto-observação supra-auricular

b)Pelo espírito do acordo, desaparece o hífen em locuções em que este sinal era utilizado para distinguir classes gramaticais, como ocorria, por exemplo, entre à-toa (adj.) e à toa (adv.). Agora ambos sem hífen, como dia a dia (subst. e adv.). Da mesma forma serão usadas sem hífen locuções como: arco e flecha, calcanhar de Aquiles, comum de dois, general de divisão, tão somente, ponto e vírgula.

c)Não se emprega o hífen, quando o 1° elemento termina por vogal e o 2° elemento começa por vogal diferente, prática em geral já adotada para os termos técnicos e científicos:

Aeroespacial extraoficial intraocular

Antiaéreo Hidroelétrico neoimperialismo

Retroiluminar Autoestrada supraesofágico

d)Não se deve usar hífen, quando o 1° elemento termina por vogal e o 2° elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática já generalisada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico:

sobressaia protorrevolucionário ultrassensível

semissevalgem suprarrenal arquirrabino

antessala minissaia cosseno

neorrepublicano pseudorrevelação contrarregra

microssistema antissocial

Bibliografias:

BECHARA, Evanildo, A nova ortografia. RJ : Nova Fronteira, 2008.

HENRIQUES, Cláudio Cezar, 1951, A nova Ortografia: o que muda com o acordo ortográfico. RJ : Eliezer, 2009.

André F Gomes
Enviado por André F Gomes em 11/01/2009
Reeditado em 12/01/2009
Código do texto: T1379990
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