Os Discípulos de Bagno - Texto com pequena revisão

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Jackson Cruz

Publicado no Recanto das Letras em 04/06/2009

Código do texto: T1631412

Há em boa parte das escolas públicas municipais de Porto Seguro enorme leva de professores recém-formados, que arrotam pelos corredores declarações de Marcos Bagno contra o vigente método de ensino da língua materna.

Os discípulos desse grande mestre construtivista têm-se perdido durante o navegar por suas teorias. Embora Bagno, autor de obras memoráveis, seja crítico severo do gramatiquismo em nenhum momento ele afirma ser desnecessário o ensino da gramática.

Sua crítica é contra o ensino que durante anos recebeu e continua recebendo lugar honroso nas aulas de língua portuguesa, método bancário que ignora os conhecimentos prévios do estudante, não atenta para suas peculiaridades nem para os aspectos sociais, culturais e econômicos, tampouco desperta no aluno o senso crítico.

O que o professor Bagno propõe é que o estudo da língua portuguesa (para mim brasileira) seja significativo, a fim de instrumentalizar o falante a navegar os oceanos que a vida lhe apresentar, um ensino do português que ao invés de reprovar em série, seja capaz de contribuir com a formação de cidadãos construtores de sua história.

Claro que isso não acontecerá com aulas de português, simplesmente. Seria imaturo, irracional até pensar uma coisa dessas, bem como o é pensar que a educação resolverá todos os problemas da sociedade: fome, corrupção, preconceito, violência etc.

No entanto, se os educadores desenvolverem uma metodologia na qual se abarque conhecimentos práticos do cotidiano, assim como os mais complexos, o resultado seria satisfatório. Mas, o que se vê é um completo caos nas escolas, sobretudo nas escolas públicas.

Os discípulos de Bagno confundiram sua teoria. E privam os alunos dos conteúdos gramaticais, ao passo que transformam as aulas em um eterno repetir; leitura sem planejamento nem propósitos definidos, diga-se de passagem, interpretação, atividades que mais parecem purgantes, apenas para matar o tempo, matam os alunos também.

Assim os alunos transitam pelo ambiente escolar por quase um quarto de suas vidas sendo reprovados, mal educados e atrofiados. Não se aprende, pois o que se ensina não é interessante de se aprender. Aquilo que apresentam não faz sentido. O ensino do português resume-se a regras totalmente dissociadas da leitura, da literatura brasileira, da vida, do cotidiano do estudante.

Por conta disso, faz-se necessário uma metodologia. Metodologia que seja bem entendida, para ser bem aplicada e produtora de bons frutos, um método simples e claro que em sua pouca complexidade permita que se veja a cumplicidade existente entre as ciências exatas e humanas, mostrando que não há sociedade sem Língua, sem História, não há um território sem Geografia ou Matemática, nossa vida é pura Física.

Uma disciplina que oriente o docente é tão necessário à prática, quanto o é a água para a manutenção da vida. E de um bom método depende a vitalidade da aula e da escola como um todo. Não que ele seja um fim em si, mas pode ser o meio pelo qual as coisas comecem acontecer de maneira significativa. Claro que não se defende aqui o ensino da gramática de forma abusiva e insiquisidora como alguns professores que estão no outro extremo pratica, mas o equlíbrio na dosagem. Ninguém aprende português estudando gramática, o estudo da mesma deve nos servir como instrumento de reflexão para enterdermos como, quando e porque alguns fenômenos acontecem.