Dicas para uma boa redação

AS QUALIDADES

............Correção: evidentemente, um texto deve obedecer às regras gerais da língua, ressalvando-se sempre algumas liberdades como conseqüência do estilo (o uso que cada indivíduo faz da língua, conforme sua vontade).

............Clareza: se o texto não obedece às normas gerais da língua, torna-se pouco claro, difícil de ser compreendido. As palavras devem ser bem colocadas, as idéias devem obedecer a uma determinada lógica, sem se cair, no entanto, num didatismo primário. Ao leitor deve restar - sempre - o prazer da descoberta.

............Concisão: a concisão consiste em se apresentar uma idéia em poucas palavras sem, contudo, comprometer a clareza. O procedimento oposto é a prolixidade, defeito que deve ser evitado.

............Elegância: é, em última análise, o resultado final obtido quando se observam as qualidades e se evitam os defeitos. È o texto agradável de ser lido tanto pelo seu conteúdo como pela sua forma.

OS DEFEITOS

............Ambigüidade: este vício ocorre quando a frase apresenta mais de um sentido, em conseqüência da má pontuação ou da má colocação das palavras.

............Obscuridade: é o defeito que se opõe à clareza. Entre os vícios que acarretam obscuridade podemos citar: má pontuação, rebuscamento da linguagem, frases excessivamente longas (prolixas) ou exageradamente curtas (lacônicas).

............Pleonasmo ou redundância: consiste na repetição de um termo ou de uma idéia. Em alguns casos, no entanto, o pleonasmo tem a função de realçar uma idéia, torná-la mais expressiva; dessa forma, o pleonasmo deixa de ser um vício e passa a ser uma figura de linguagem, um recurso estilístico. Portanto, é necessário distinguir dois tipos de pleonasmo:

............- pleonasmo vicioso: "subir para cima", "entrar para dentro", "decisão unânime de todos", "monopólio exclusivo", etc.

............- pleonasmo de reforço ou estilístico: Camões, em Os Lusíadas (Canto V, estrofe 18), faz uso de um pleonasmo célebre ao iniciar a descrição de uma tromba-d'água marítima:

............" Vi, claramente visto, o lume vivo que a marítima gente tem por santo."

............Cacofonia ou cacófato: é o som desagradável resultante da combinação de duas ou mais sílabas de diferentes palavras. Apesar da fértil imaginação popular, pródiga em criar versinhos cacofônicos, vamos a alguns exemplos: "... a boca dela", "... meu coração por ti gela", "...uma mão", "...vou-me já...", "...por cada", etc.

............Todos nós, uma vez ou outra, cometemos um cacófato - até os grandes mestres. Outra vez citamos Camões, em um de seus sonetos mais famosos:

........................................" Alma minha gentil que te partiste

........................................tão cedo desta vida descontente!"

............Eco: é a repetição desnecessária de um som, resultando num texto desagradável, com um ritmo batido e monótono. A melhor forma de corrigir esse defeito é ler o texto já acabado com muita atenção; na língua portuguesa é preciso tomar muito cuidado, por exemplo, com as terminações -ão, -ade e -mente. Uma frase do tipo: "Contra sua vontade, apenas por bondade, ele foi à cidade; na verdade..." machuca o ouvido.

............Entretanto, como na redação tudo é muito relativo e possível, nós podemos abusar dos advérbios de modo terminados em -mente se o texto versar, por exemplo, sobre a ...mentira. O eco então deixa de ser um defeito e torna-se uma qualidade.

O estilo e a Gramática

............Sobre a rigidez da Gramática e as liberdades de estilo, assim se manifesta o crítico português Rodrigues Lapa em sua obra Estilística da língua portuguesa.

............"Uma das coisas que mais profundamente distinguem a Gramática da Estilística é o conceito de erro: ao contrário do que sucede na Gramática, em Estilística não há propriamente erros, porque para os maiores desvios é achada uma determinante psicológica, natural. A Estilística tem por missão explicar, esclarecer; a Gramática sistematiza e impõe normas, muitas vezes com rigidez excessiva."

Fonte: web

Marcelo Naconeski
Enviado por Marcelo Naconeski em 06/10/2009
Código do texto: T1852109