Nossa língua goela abaixo

Quero comer-te todo o léxico; comer-te a poesia, comer-te a prosa; mastigar teus verbos, tempos, modos e formas que vêm e vão; lamber cada fonema a exalar-te dos poros; engolir cada período cuspido de tua boca; chupar-te a semântica dos desejos, sorver-te as metáforas, preencher-te as elipses... Quero eufemizar tuas hipérboles ao cabernet sauvignon e bebê-las, com Schumann ao fundo, sinestesicamente falando. E no auge da incoesão e da incoerência, vomitar-te aos pedaços, às pastas, aos fluidos, embalar-te e enviar-te a Bechara, em carta-bomba.

Éder de Araújo
Enviado por Éder de Araújo em 18/11/2009
Reeditado em 23/02/2010
Código do texto: T1930637
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