REFORMA ORTOGRÁFICA, UM ASSUNTO QUE NÃO QUER CALAR

Eu não gosto da reforma ortográfica vigente desde janeiro de 2009.

Um dos motivos que faz ela não me entusiasmar tem a ver com o que fizeram com a palavra “idéia”.

Até ocorrer essa alteração, as regras de acentuação do nosso idioma eram precisas e perfeitas, ou seja, elas permitiam a qualquer estrangeiro aprender a pronúncia de nossos vocábulos simplesmente estudando o assunto através de nossas gramáticas.

Agora isso não é mais possível.

Caso um estrangeiro veja escrito “a veia conduz o sangue...” e “tive uma ideia...”, ele só aprenderá a pronunciar com exatidão “vêia” e “idéia” caso escute alguém, que esteja acostumado a falar tais palavras, as pronunciando.

Antes não era assim, pois o acento agudo de “idéia” indicava a pronúncia aberta do “e” dessa palavra; já a palavra “veia”, por não ter acento, deveria ser pronunciada com o “e” fechado.

Eu sou um daqueles que está teimando em não adotar as novas regras e pretende insistir com as antigas até dezembro deste ano quando isso ainda será oficialmente permitido.

Quero destacar algo que aconteceu logo após a nova reforma entrar em vigor.

Era comum, nessa ocasião, ver reportagens onde a população dizia o que estava achando da nova reforma.

Apresento abaixo três razões que me fazem considerar isso uma grande tolice.

1- A grande maioria dos entrevistados mal conhece as regras antigas. Como podem opinar a respeito das novas?

2- O trema já tinha sido abandonado há muito tempo. Conheço várias pessoas razoavelmente instruídas que desconheciam a existência do trema.

3- No Brasil, as alterações atingem 0,6% das palavras. É um percentual muito pequeno para tanta polêmica boba que ocorreu no lançamento dessa bendita reforma.

Esse tipo de reportagem, que parece ter desaparecido, me faz recordar uma outra fora do campo da Gramática, ainda bem comum, que ressalta as pessoas indo apostar na Mega com grande ênfase motivadas pelo fato do prêmio do mais famoso jogo da Caixa estar acumulado.

O prêmio, nos dias normais, sem estar acumulado, já é capaz de satisfazer plenamente nossas ambições financeiras, portanto sair para apostar só porque o prêmio acumulou é um automatismo que revela uma enorme falta de reflexão.

Voltando ao que interessa, imagino que a prioridade daqueles que amam nossa língua portuguesa deve ser motivar a população a demonstrar um mínimo de interesse pelo nosso idioma.

Sem tal interesse, o Português será sempre visto como uma matéria bastante chata a qual não cessa de impor suas inúmeras regras.

Dentro desse contexto, eventuais reformas ortográficas suscitarão boas piadas, pois não deixarão de ter inevitavelmente um toque cômico já que felizmente nós brasileiros preferimos rir a chorar.

Obrigado!

Ilmar
Enviado por Ilmar em 15/01/2012
Reeditado em 31/01/2012
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