A CORRETA REGÊNCIA DO VERBO “PREFERIR”

O verbo PREFERIR [= “gostar mais”; “querer antes”], segundo determina a norma culta, NÃO pode ser usado com “ANTES” nem com “MUITO MAIS”, porque o dizer se tornaria pleonástico.

São viciosas, pois, as seguintes sentenças: “Prefiro muito mais ler romance.” / “Prefiro ler romance do que ler jornal.”. A primeira está errada, porque o verbo “preferir” já contém a ideia de “intensidade”, de “abundância”; o pleonasmo é, pois, vicioso. A segunda sentença está também errada, porque o verbo “preferir” não aceita a locução “do que”, muito comum nas frases comparativas.

PREFERIR e PREFERÍVEL regidos com “do que” é grave erro.” (José Oiticica, Teoria da Correlação, p. 39).

Prefiro o frio à chuva — Em bom português diz-se, por exemplo: Prefiro o frio à chuva. Contudo, por analogia com a expressão equivalente “gosto mais do frio do que da chuva”, ouve-se, frequentemente, dizer — “Prefiro o frio do que a chuva”. (Rodrigo de Sá Nogueira, Subsídios para o Estudo das Conseqüências da Analogia em Português, p. 99).

Vejam-se esses modelos de vernaculidade: “Preferindo o bom ao melhor, não me pude arguir de que elegesse o ruim.” (Rui Barbosa, Réplica, p. 266). / “Estou com sono; prefiro a cama à orquestra.” (Machado de Assis, Quincas Borba, p. 109) / “Ninguém preferiria o mal ao bem.” (Rui Barbosa, Antologia, p. 82) / “Tive uma suspeita e preferi dizê-la a guardá-la.” (Machado de Assis, Meia-noite, p. 230).

Observação: Embora seja essa a regência correta e autorizada do verbo PREFERIR, a não observância dessa regra, releva assinalar, tem sido atualmente relevada e até mesmo já aceita por alguns gramáticos e linguistas. Entretanto, jamais abrimos mão de observar o que diz a norma culta.

Coisas da nossa inigualável Língua Portuguesa...

David Fares
Enviado por David Fares em 23/01/2012
Reeditado em 23/01/2012
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