Neologismo e fragmentos linguísticos

Prólogo

Escrevendo sobre o tema “Neologismo: Criação Lexical” Ieda Maria Alves asseverou: "... Há uma resistência coletiva a toda inovação linguística, pois a língua constitui um patrimônio comum...". Trata-se de um livro de pouco volume – noventa e três páginas – mas, é um gigante compêndio pelo conteúdo sistemático, sério, didático e oportuníssimo para estudantes, professores, curiosos e autodidatas iguais a mim.

Neologismo é o uso de palavra ou expressão nova, com base em léxico (Próprio das palavras ou referente a elas, isto é, lexical), semântica e sintaxes preexistentes, na mesma língua ou em outra. Mas, por que estou escrevendo sobre algo simples e ao mesmo tempo tão complexo? É que recebo inúmeras mensagens fazendo perguntas sobre etimologia popular ou clássica.

Etimologia popular (falsa) – É a falsa atribuição etimológica a palavra, motivada por alguma semelhança com outra; falsa etimologia. Exemplo: atribuir a origem de forró ao inglês “for all”, ‘para todos’, quando é redução de forrobodó (Baile popular) embora forrobodó também tenha o significado de confusão ou desordem envolvendo muitas pessoas.

Etimologia clássica ou histórica – É a parte da gramática que trata da história ou origem das palavras e da explicação do significado de palavras através da análise dos elementos que as constituem. Por outras palavras, é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução histórica.

Algumas palavras derivam de outras línguas, possivelmente de uma forma modificada (as palavras-fontes são chamadas étimos). Por meio de antigos textos e comparações com outras línguas, os etimologistas tentam reconstruir a história das palavras - quando eles entram em uma língua, quais as suas fontes, e como a suas formas e significados se modificaram.

O jornalista norte-americano Russ Rymer certa vez definiu, ironicamente, linguística da seguinte maneira: "A Linguística é a parte do conhecimento mais fortemente debatida no mundo acadêmico. Ela está encharcada com o sangue de poetas, teólogos, filósofos, filólogos, psicólogos, biólogos e neurologistas além de, não importa o quão pouco, qualquer sangue possível de ser extraído de gramáticos.". Eu acrescentaria: Professores, estudantes, curiosos e autodidatas.

REPETIÇÃO DE DOIS PERÍODOS ESCRITOS NOUTRA OCASIÃO

“O homem deve seguramente acreditar que o incompreensível se tornará compreensível, ou então ele deixará de procurar.” – (Goethe).

“Comparo o Professor a um abnegado pelo ardor da esperança. Um ser em chamas aquecidas e renovadas pela confiança no progresso de si mesmo e dos alunos. Um profissional que acredita na conquista do porvir.” – (Wilson Muniz Pereira).

MENSAGEM DA LEITORA E CONSULENTE JANAINA DOS SANTOS

“Caro professor Wilson: Qual a origem da palavra “Nepotismo” e por que as pessoas que nascem no Rio de Janeiro são chamadas de “Cariocas” ou “Fluminenses”? Fui motivada a lhe fazer essa consulta depois que li o seu texto intitulado “Dúvidas de um leitor perspicaz” publicado, há pouco tempo, no Recanto das Letras.

Embora eu não me considere tão esperta, a ponto de fazer perguntas inteligentes, chamou-me a atenção esses adjetivos gentílicos (Carioca e Fluminense) e a palavra nepotismo.

Sou extremamente ansiosa e mais ainda estarei enquanto não receber sua resposta que, certamente, será esclarecedora para outras leitoras de seus aprimorados trabalhos.

Sinto-me feliz por estar me comunicando com o senhor e pela certeza de que não haverá desdém de quem é tão fino e educado, gentil e amoroso com as incontáveis fãs dos seus ótimos ensinamentos. Eternamente grata. Beijos carinhosos. Janaina dos Santos.” – (SIC).

MINHA RESPOSTA A GENTIL LEITORA E CONSULENTE

Ufana-me saber que um escrito meu, às vezes, considerado insulso e difuso por muitos leitores, foi e está, ainda, sendo classificado como útil por uma plêiade notabilíssima de boas pessoas e estudantes; compreendido como um precioso instrumento de lavor, por conter diretrizes certas e seguras para a solução das dúvidas mais frequentes suscitadas no dia a dia de todos nós estudantes, leitores, professores e eternos aprendizes (Eu mais do que ninguém).

É claro que a consulta da leitora Janaina é excelente para um arrazoado substancial, primoroso, uma pesquisa séria e esclarecedora. Tentarei não decepcionar com a minha resposta. Afinal de contas, também sou um estudante e pesquisador intimorato, obstinado e cônscio autodidata de que pouco ou quase nada sei.

ENSINAMENTOS DO PROFESSOR SÉRGIO NOGUEIRA DA SILVA

O renomado professor Sérgio Nogueira, em suas “Dicas de Português”, escreveu no portal da G1 uma excelente explicação sobre os questionamentos da notável leitora Janaina dos Santos. Vejamos o felicíssimo e explanado artigo:

“Carioca vem do tupi e significa “casa de branco”. Refere-se à cidade do Rio de Janeiro. Quem nasce no estado do Rio de Janeiro é fluminense, que vem do latim flumine (rio) mais o sufixo -ense (natural). É por isso que água de rio é água fluvial.

O adjetivo fluvial refere-se a rio. Um fluviômetro, por exemplo, é o instrumento que mede a altura das enchentes dos rios. Navegação fluvial é navegação em rios. Não devemos confundir fluvial com pluvial, que se refere a chuva. Um pluviômetro mede a quantidade de chuva caída num determinado lugar. Daí o índice pluviométrico da região.

Quanto ao nepotismo que infesta os nossos noticiários, a expressão tem uma origem curiosa. Nepotismo vem do latim nepote, que significa “sobrinho”. Segundo nossos estudiosos e interessados em etimologia, a expressão vem do século XV, quando alguns papas favoreciam seus parentes com cargos importantes.

O mais citado é o papa Alexandre VI que, durante seu pontificado, teria favorecido sistematicamente seu filho (ou seria sobrinho?) César Bórgia.

Hoje em dia, a expressão nepotismo continua sendo usada com referência ao favorecimento de parentes. É quando um político se vale do seu cargo público para ajudar parentes com empregos ou outras vantagens. “Talvez nem tudo seja verdadeiro, mas uma certeza nós temos: a expressão nepotismo apresenta uma terrível carga negativa.”. – (SIC) – Professor Sérgio Nogueira.

CONCLUSÃO

Vimos e aprendemos que a expressão “Carioca” vem do tupi e significa “casa de branco”. Refere-se à cidade do Rio de Janeiro. Quem nasce no estado do Rio de Janeiro é fluminense, que vem do latim flumine (rio) mais o sufixo -ense (natural). É fácil deduzir que todo carioca é fluminense, mas, nem todo fluminense é carioca. Exemplo: Niteroiense (Aquele ou aquela que nasceu ou que vive em Niterói (RJ)) também é fluminense, mas, NÃO É carioca. Também ficou claro, creio, que “Nepotismo” vem do século XV, quando alguns papas favoreciam seus parentes com cargos importantes.

Podemos concluir que, além da pedofilia, do homossexualismo, outros desvios comportamentais e do negro período da Inquisição, ou Santa Inquisição, alguns significativos representantes da Igreja Católica fizeram intenso e ostensivo uso do famigerado nepotismo.

Não é demais explicar, sem querer fugir do tema principal deste texto que: INQUISIÇÃO foi uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos àqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica.

Fundado pelo Papa Gregório IX, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas que eram consideradas hereges (praticante de heresias; doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido pela Igreja Católica) por praticarem atos considerados bruxaria, heresia ou simplesmente por serem praticantes de outra religião que não o catolicismo.

O pior período da Inquisição foi durante a chamada Inquisição Espanhola (Século XV ao Século XIX). De caráter político, alguns historiadores afirmam que a Inquisição Espanhola foi uma forma que Fernando de Aragão encontrou de perseguir seus opositores, conseguir o poder total sobre os reinos de Castela e Aragão (Espanha) e ainda expulsar os judeus e muçulmanos.

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NOTAS REFERENCIADAS

– Noticiosos falados, escritos e televisivos;

– Wikipédia – A enciclopédia livre;

– Portal G1 – Professor Sérgio Nogueira – “Dicas de Português”;

– Blog InfoEscola – Artigo escrito por Caroline Faria;

– Textos e anotações avulsas do autor que devem ser consideradas circunstâncias imparciais.