COLOCAÇÃO DO CLÍTICO
Atendendo aos respeitáveis pedidos de alguns dos nossos colegas e de ex-alunos, inclusive, voltamos a publicar os nossos humildes textos gramaticais no Recanto das Letras. Esperamos, como sempre, continuar a ajudar naquilo que for possível e dentro dos nossos parcos conhecimentos gramaticais, servindo-me de uma frase de David Fares, se a memória me é fiel.
O leitor C. J. hesitou sobre seria convincente o seguinte argumento, que se lhe deparou neste texto:
- Recentemente, estávamos a ler um jornal, com publicação on-line, muito conhecido a nível internacional, cujo nome não é conveniente citá-lo, no qual encontrámos a seguinte construção: “O jornal Mundo Deportivo alargou o leque de análise a Neymar e Luis Suárez e concluiu QUE o ataque da equipa catalã tem-SE revelado bem mais produtivo que o do rival, contando 28 golos contra os onze já referidos”.
O jornal em causa não é o ‘Mundo Deportivo’, apenas foi citado, na frase, pelo autor do texto (o jornalista).
Na frase acima, por exemplo, ocorre um erro muito básico de colocação do pronome de complemento. Vejamos: “O jornal Mundo Deportivo alargou o leque de análise a Neymar e Luis Suárez e concluiu que o ataque da equipa catalã tem-se revelado bem mais produtivo que o do rival”.
O período acima contém 3 orações (1.ª O jornal Mundo Deportivo alargou o leque de análise a Neymar e Luis Suárez/2.ª e concluiu/3.ª que o ataque da equipa catalã tem-se revelado bem mais produtivo que o do rival).
Ora bem, na terceira oração, ‘que o ataque da equipa catalã tem-se revelado bem mais produtivo que o do rival’, há um erro na colocação do clítico se, porque a conjunção subordinada ‘que’ atrai os pronomes de complemento, devendo estar na posição proclítica ou pré-verbal (antes do verbo).
Portanto, o período acima deve ser corrigido da seguinte forma: “O jornal Mundo Deportivo alargou o leque de análise a Neymar e Luis Suárez e concluiu que o ataque da equipa catalã SE tem revelado bem mais produtivo que o do rival”. -
Tem razão em hesitar, C. J. Olhe que no Brasil é costume a ênclise nestes casos. Na 5.ª edição do seu «Prontuário» D’ Silvas Filho dava o exemplo brasileiro: “também diz-se”. Não se pode afirmar que uma sintaxe habitual num dos países da lusofonia está errada, mas simplesmente que não é usual no país em que nos situamos.
Cumprimentos, amigos!