Último soneto Mário de Sá Carneiro

Último soneto

Que rosas fugitivas foste ali:

Requeriam-te os tapetes – e vieste...

Se me dói hoje o bem que me fizeste,

É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi

Quando entraste, nas tardes que apareceste

Como fui de percal quando me deste

Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço

Que seria entre nós um longo abraço

O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa ? Se deixaste

A lembrança violeta que animaste

Onde a minha saudade a Cor se trava?...

Viviane de Matos
Enviado por Viviane de Matos em 19/06/2008
Código do texto: T1041819
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