AO HOMEM QUE ME CRIOU.

O protagonista desta minha homenagem é meu pai “adotivo”. Melhor explicando: trata-se do meu tio-avô, o homem que me criou. Seu nome: Antonio. Nascido em 1901, no interior paulista, aos 7 anos emigrou com seu pai, sua mãe e seus irmãos para a Espanha, país no qual permaneceram por cinco anos, para ele, inesquecíveis.

Na viagem de ida à Europa, ainda no navio, devido às peripécias comuns às crianças, em uma queda, perfurou o olho esquerdo, perdendo totalmente aquela vista.

No regresso ao Brasil, deixou para trás lembranças de uma feliz infância, quando apenas brincava e estudava, em terras castelhanas. Por toda sua vida, cantarolou, orgulhosamente, as cantigas aprendidas nas escolas espanholas.

Já aqui, no Brasil, conheceu, com apenas 12 anos de idade, as agruras do trabalho no campo, as quais calejaram suas mãos e sua alma jovem.

Era um homem franzino, todavia inteligente. Nunca teve filhos e, para cuidar de sua mãe, já bem idosa, permaneceu solteiro até os 60 anos, quando ela veio a falecer. Sozinho na vida, resolveu, num gesto de amor incondicional, morar com minha mãe, (sua sobrinha) recém-viúva, então com 21 anos, e seus 2 filhos, eu com 4 e meu irmão com 3 anos.

Tio, avô e pai, chamado Antonio, foi o alicerce de minha família, criando e ensinando-nos os valores a serem adotados na vida, utilizando-se, para tanto, de sua extensa sabedoria. Faleceu em 1995, vítima da senilidade, deixando-nos, como legado, a coragem ante as vicissitudes da vida, além da admiração sem igual pela Espanha, nação onde viveu seus “anos dourados”, a qual chamava, amorosamente, “A Flor do Mundo”.

Tio Antonio, tenho muitas saudades do senhor. Saiba, onde o senhor estiver, que o meu amor por ti é eterno e nem a morte foi capaz de nos separar.

Te amo e até um dia!!!