O belo jovem e Yourcenar

Yourcenar, a bela de beleza de Sol, irradiada da essência do ser.

Eu conheci um jovem, desde menino o conheci. Ele tinha saído do mesmo útero que eu e se tornou um homem tão lindo! Viajou, ganhou mundo. Na Índia o tinham por um mestiço de britânico e hindu. Era uma beleza mesmo aquele varão. Olhos profundos, pele morena, traços harmônicos. Os olhos brilhavam como anjos ou like a demon that is dreaming, ao relembrar Memoires d"Hadrien. Foi embora tão cedo...

Tá fazendo quase oito anos. Ele se foi no dia de Nossa Senhora Aparecida, 12 de outubro de 1999. A Mãe Amada ouviu minhas preces e o conduziu envolto em seu manto, eu sei...

Ele tinha uma predileção pela Yourcenar. Quando morou em Paris, e então ela já era uma anciã, ele a seguia só prá sentir-lhe o cheiro, para se embeber de suas emanações. Um belo jovem apaixonado pela anciã que escrevia textos irretocáveis.

É que o belo era ele mesmo um Sol, irradiava de dentro sua luz. Ele se foi tão cedo... Mas a vida lhe valeu o carinho que tinha pelos humildes. Sempre me recordo da lágrima que lhe escorria do olhar sobre o caixão de um taberneiro de quem ele falava com admiração; e também da flor que lançou junto à terra no momento do sepultamento. Na taberna de seu amigo havia um quadro com a frase: "A vida é dura para quem é mole". O taberneiro ficava todo orgulhoso quando aquele formoso engenheiro vinha às refeições e se misturava aos peões.

Ah, belo jovem!, sigo te amando. Obrigada por ter me ensinado tanto da beleza, da arte, da poesia e também de como não se deve viver a vida. Espera aí ... já, já a gente se encontra.