Dorival Caymmi
“...a noite que ele não veio foi de tristeza para mim. Saveiro voltou vazio, triste noite foi pra mim...”
E foi neste sábado que ele se foi. Aos 94 anos Dorival Caymmi, que tanto cantou e emocionou esta terra, para ela, ele voltou.
Foi de uniforme branco e seu chapéu de palha.
Foi só.
No jubileu da Bossa, o ano do ouro, ele se foi
Foi com Deus.
Desde 1999, o mal o rondava. Câncer renal.
Porém foi as 5h58m, a insuficiência nos fez perder mais de que um cantor, mas um grande compositor e pintor. Um bom pintor.
Seu pai funcionário público e músico amador, tocava violão, piano e bandolim. Sua mãe, doméstica. Cantarolava sempre ao som de um fonógrafo e depois a vitrola.
Desde pequeno Dorival conviveu com a música: Primeiro no coro da igrejinha, depois nas grandes rádios das grandes cidades, e neste ínterim, atuou como jornalista e vendedor, compôs sua primeira música “No Sertão” e ganhou quando estava com 22 anos, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba “A Bahia também dá”.
Foi no Dragão da Rua Larga que interpretou “O Que é Que a Baiana Tem” (1938). E Com esta canção, levou a Pequena Notável ao exterior.
Seu estilo pessoal e espontâneo de compor sobre os hábitos, costumes e as tradições do povo baiano trouxe até nós a graça e a riqueza da Bossa.
Uma figura importante. Um mito.
Mas,“É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar”.
Nesse mar
O mar que nos ensinastes
O mar da poesia e da beleza
Da música
Do amor
Do nacionalismo
O que faremos com Marina, a morena que se pintou? E Anália? Ela vai só para Maracangalha? E a doce Rosa, a tua Rosa Morena? Ela chorará muito, o que faremos com ela? (...) E a Bahia? Esta terra que deixa gente mole, que quando se canta todo mundo bole? A terra que, segundo Jaques Wagner, já decretou luto de três dias.
Nossa última visita será na Câmara dos Vereadores, Cinelândia, e o enterro neste domingo (17/08) no Cemitério de São João Batista.
Dorival Caymmi,
Nas ondas verdes do mar, este bem se foi afogar.
Fez sua cama de noivo
No colo de Yemanjá.