15 de Outubro: feliz Dia dos Professores!

PAPEL DO PROFESSOR

Profissão-professor: desde os tempos da Grécia Antiga a missão de ensinar foi reservada aos escravos.

O pedagogo era um escravo que tomava conta da criança. Aos sete anos de idade as crianças eram entregues aos cuidados de um pedagogo e só ficavam livres aos 16 anos. Responsável por ensiná-los, o pedagogo, tinha a incumbência de cuidar e de dar assistência e a formação de que precisava a criança continuar a sua vida em sociedade. A palavra Pedagogia, originária da Grécia, paidós (criança) e agoré (condução) está estritamente relacionada à nobre missão de ensinar. Essa missão hoje é atribuída aos professores.

“Na sua abrangência, o conceito de paideia não designa unicamente a técnica própria para, desde cedo, preparar a criança para a vida adulta. A ampliação do conceito fez com que ele passasse também a designar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além dos anos escolares. A Paideia, vem por isso a significar "cultura entendida no sentido perfectivo que a palavra tem hoje entre nós: o estado de um espírito plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as suas virtualidades, o do homem tornado verdadeiramente homem" (Marrou, 1966: 158).”

O escravo era uma pessoa simples, renegada e que se encontrava na base da pirâmide social, era ele que dava sustentação à estrutura social e econômica da Grécia Antiga. O único que não recebia o título de cidadania era talvez o que tinha a função mais nobre da época: ensinar!

O Dia do Professor, reconhecido mundialmente como um dia importante, é celebrado por cada país à sua maneira.

Na Argentina, comemora-se no dia 11 de setembro, esse dia é reconhecido também no Estado de Massachusetts e nos Estados Unidos, o Dia do Professor é feriado não oficial. Lá esse dia é comemorado numa terça-feira da primeira semana do mês de maio como National Teacher Day. Internacionalmente o Dia do Professor tornou-se reconhecido pela UNESCO, em 5 de outubro quando se lembra o World Teachers Day. No Estado de São Paulo, o dia 15 de outubro é ponto facultativo!

Vejamos alguns países da América Latina que celebram o Dia do Professor:

- Argentina, setembro 11 (Morte de Domingo Faustino Sarmiento).

- Bolívia, 6 de junho (Fundação da Primeira Escola Professor em Sucre e do nascimento de Modesto Omiste Tinajeros).

- Brasil, o Dia do Professor, outubro 15 (O Imperador Pedro I do Brasil assinou a lei criando escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares populares).

- Colômbia, 15 de maio (Pope Pius XII proclamou São João Batista de La Salle como um protetor dos Educadores Todos Celestial)

- Costa Rica, 22 Novembro (nomes de Mauro Fernandez Acuna.

- Cuba, 22 de Dezembro (declaração de território livre de analfabetismo cubano)

- Chile, 16 de outubro (Fundação Escola de Professores).

- Equador, 13 de abril (Aniversário de Juan Montalvo Fiallos).

- El Salvador, 22 de junho .

- Guatemala, 25 de junho (de matar a professora Maria Chinchilla).

- Honduras, 17 de dezembro (Homenagem a José Trindade Reyes.

- México, 15 maio (Toma Queretaro).

- Nicarágua, 29 de junho (Homenagem a Emanuel Mongala e Rubio).

- Panamá, 1de dezembro (Nascimento de José Manuel Hurtado.

- Peru, 6 de julho (fundador da primeira Escola Normal para Garotos).

- Porto Rico, sexta-feira na primeira semana de maio.

- República Dominicana, 30 de junho.

- Uruguai, 22 de setembro.

- Venezuela, Janeiro 15 (Foundation da Sociedade de Professores da Pré-Primária em 1932).

Moto-Serra: Liberdade de Ensinar Ameaçada em São Paulo pelo homem

Historicamente o Dia do Professor tornou-se uma data importante, e isso se deve à luta de muito pioneiros que se dedicaram a laboriosa tarefa de educar. A profissão-professor é a profissão das profissões, é esse profissional quem prepara o cidadão para que se descubra e descubra qual rumo a seguir durante a vida, qual a vocação, o professor aponta caminhos através dos livros, reativa a memória e faz o estudando enxergar que nem tudo está perdido. Enfim, o professor é um vendedor de sonhos possíveis de se concretizar, é um vendedor de utopias, ele aguça a imaginação, desperta o senso crítico e leva o aluno a descobrir as respostas que procuram a vida toda. O professor é um dissecador de textos, ele é um mergulhador que ao ver o oxigênio acabar tem que subir correndo à superfície para respirar um pouco a cada aula que dá, porque, se não fizer isso enlouquece. Só que enquanto ele mergulha, descobre um mundo fantástico ao qual que levar o aluno: o mundo do conhecimento!

“I –Art. 206 da CF. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. IV – gratuidade de ensino público em estabelecimentos oficiais. V – valorização dos profissionais do ensino garantidos na forma da lei, planos de carreira para o magistério publico, com piso salarial e profissional e ingresso exclusivamente por concurso publico de provas e títulos. VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei. VII – garantia de padrão de qualidade.”

Ultimamente essa profissão tão linda, talvez por sua origem humilde, tem sido encarada com descaso por alguns governos. Não se tem dado o devido respeito a esse profissional responsável pela educação. O governo atual de São Paulo faz jus ao nome que tem SERRA, ou melhor, senhor Moto-Serra! Ele chegou com tudo, pronto para derrubar professor. O que a filosofia neoliberal adotada pelo governo prega o corte de gastos do Estado, e a educação se tornou principal alvo dessa perseguição. Quem lida com a educação das crianças, jovens e adultos desse país, está vivendo sob pressão. Só se pensa em avaliar esse profissional, menos discutir a política governamental.

Avalia-se o professor: e o governo, quem avalia? E a secretária de educação, quem avalia?

O que se espera de um governo que leiloa diretorias de ensino e as entrega nas mãos de cabos eleitorais seu? O Estado de São Paulo tem sido o campeão em desrespeitar o professor. E tudo começa pela secretária de Educação, passa pelo governo e chega às salas de aulas onde graças a “Progressão Continuada” e a falta de estímulo do aluno por estudar, já que todos passam de qualquer jeito, faz do professor chacota de delinqüentes que soltam pipas de dia e vão estudar a noite, tirando o lugar dos trabalhadores do EJA. É por isso que no lugar da palavra Supletivo mudou-se propositalmente o nome para Educação de Jovens e Adultos (EJA), cujas intenções do governo era de afastar o adulto das salas de aulas para dar lugar ao jovem, é por isso que foi introduzido a eliminação de matéria por meio do SESU, prova feita nas escolas onde o aluno adulto pode eliminar todo o ensino fundamental estando na 5ª série ou eliminar todo o ensino médio, estando no 1º colegial. Para quem tentou e eliminou da 5ª a 8ª série, passou a ter dificuldades básicas para seguir no ensino médio, houve alunos pedindo para voltar atrás, porém já era tarde, outros desistiram e voltaram como ouvintes para aprender o que ficou para trás. Tudo isso é uma maneira de desrespeito com a profissão de ensinar, anula-se o profissional com a eliminação de matéria e se possível, coloca-se uma TV com um projeto semelhante ao do Roberto Marinho da Rede Globo para que por fascículos o aluno finja que estude indo prestar a prova ao final do ano pra ver se consegue eliminar matérias. O professor vem sendo desrespeitado desde o governo Mario Covas, mas esse último (Serra) é o pior de todos. Ele não negocia! Não aceita outras propostas, apenas a dele! Não há democracia, mas sim uma ditadura tucana em São Paulo.

Fora das imediações das escolas, na sociedade, o professor é visto como alguém que carrega em seu currículo a nobre missão de ensinar. Em todos os lugares, onde se encontrar um professor vê-se alguém indagar com orgulho: “Você é professor de quê?”

Ao responder essa pergunta, abre-se um espaço para uma rica conversa. Todos têm o prazer de ficar envolta da mesa do barzinho de fim de semana para dialogar com o professor, até mesmo o aluno mais rebelde demonstra-se outra pessoa quando encontra o professor pelas ruas. No barzinho, a conversa é enriquecedora, agradável e alguns até insistem para que esse ilustre profissional não vá embora. Pelo menos comigo é assim! Já disseram para mim: “Fique mais um pouco”! Essa é uma experiência que tenho vivido desde o instante em que decidi ingressar nessa profissão. Sempre muito bem recebido, sinto-me enobrecido, principalmente, quando sou convidado a sentar-me a uma mesa para tomar uma cerveja, um guaraná, um shop ou apenas, para tocar algumas idéias. Parece que só o governo não reconhece a nobre profissão do professor, e embora a Constituição lhe garanta a liberdade de ministrar suas aulas e de pesquisar, esse profissional se sente acuado pela exigência e a ameaça de ter que cumprir com uma proposta que nem sequer foi consultado. A pior ameaça está no fato de que o governo avalie esse profissional com objetivos inescrupulosos, ou seja, livrar-se dos profissionais que deram o sangue durante toda uma vida e agora se encontram calejados sem saber se pelo menos terão direito a uma aposentadoria. Com dois mandatos um parlamentar se aposenta, FHC tem duas aposentadorias e o senador José Sarney é vice-campeão em aposentadorias milionárias. Veja trecho de reportagem da Veja sobre isso:

“...senador José Sarney, do PMDB do Amapá (ex-diretor do Tribunal de Justiça do Maranhão e ex-governador do Estado, duas aposentadorias, que somam 15100 reais). O brasileiro comum costuma aposentar-se aos 52 anos de idade. Sarney conseguiu o feito de aposentar-se aos 40. Já faz, portanto, 26 anos que vestiu o pijama pela primeira vez. Por isso, costuma-se dizer em Brasília que está aposentado há tanto tempo que já poderia pedir aposentadoria de sua aposentadoria.”

Agora, veja o que diz o vice-campeão em aposentadorias:

“Todas as minhas aposentadorias foram requeridas dentro da lei. Isso é da lei, se mudar a lei tudo bem, acato, não fui eu quem criou a lei.” Essa declaração foi publicada pela Revista Veja (A Praga dos Marajás. Revista Veja, 12 de agosto de 1997)

Se quisesse cortar gastos do Estado, devia pegar é dessas pessoas, e não da educação. Em Jandira, SP, um prefeito do PSDB declarou em entrevista da globo, que seu salário era de mais de 24 mil reais e alguns quebradinhos, e quando perguntado pelo jornalista se isso não era vergonhoso disse: “Desde que trabalhe, não”! O prefeito ganhou novamente nessas eleições para prefeito. Ele assumirá em Dezembro e exercerá o mandato em 2009.

Quanto será o piso salarial de um professor em São Paulo? Quanto ganha um político?

A Câmara Municipal de Caraguatatuba, 173 km de São Paulo, elevou o salário do prefeito de 11 mil para 18 mil reais. Um professor do Estado, quanto ganha?

O piso é de 668 reais por mês! Mas o governo vai insistir em dizer que é 900, só que isso é com as GRATIFICAÇÕES, e, gratificações não é salário, elas podem ser retiradas pelo próprio governo na aposentadoria do professor. Já pensou em se aposentar ganhando 668 reais por mês?

O governo federal aprovou um piso nacional de 950 reais para os professores de todos os estados do país. Agora, nenhum professor poderá ter um salário inferior a esse piso, porém, o PSDB formou uma frente reacionária para derrubar esse projeto, essa frente reacionária reúne: os governos de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul. Eles alegam que esse piso irá onerar os estados.

Pois é, pagar um piso de 950 reais aos professores pesa para o estado, e o salário de um prefeito que declarou ganhar 24 mil reais, não pesa para o estado?

E as aposentadorias milionárias como a de FHC, Sarney e outros, não pesam para os estados? Vê-se pode? Pagar um piso de 950 reais ao professor gerou essa reação por parte dos tucanos, Será por quê? Ah, é porque professor bem remunerado é professor feliz, e professor feliz trabalha com a auto-estima em alta e isso pode resultar numa aula melhor, mais crítica, o que traria dor de cabeça para quem comanda o estado mais rico da América Latina, é por isso que Sr. Moto-Serra tem demonstrado um profundo desrespeito pelo professor.

Mas isso não basta, o governo está mesmo a fim de ferrar o professor. As últimas medidas adotadas deixam clara essa intenção diabólica do governo. Por onde passa, no bairro, na rua e nas atividades realizadas pela sociedade o professor é sempre um personagem que não pode faltar. Ora, se a sociedade tira o chapéu para o professor, por que esse profissional em São Paulo é tão desrespeitado pelo governo e pelos seus secretários de educação?

A visão equivocada do governo paulista e da secretária Maria Helena, tem gerado grande descontentamento dessa categoria profissional, e a política adotada, especificamente a partir de 2008 com a “cartilha” contendo nomenclaturas erradas, fragmentos de textos desconexos e fora de contexto, fora da realidade dos alunos tem sido bem questionada, as atividades denotam um grande interesse de conduzir e direcionar com fins ideológicos partidários as aulas dos professores, e a área que mais se percebe isso é na área de História, inclusive em um dos filmes sugeridos “A Revolução dos Bichos” se percebe uma tendência muito clara que induz ao professor QUESTIONAR o SOCIALISMO. Esse questionamento vindo do governo deixa claro uma tendência: defender o capitalismo, sem deixar espaço para questioná-lo. Qual o objetivo? Refutar veementemente qualquer visão contrária ao capitalismo! A citação de Stalin, Lênin induz o professor a demonizar estes líderes da Revolução Russa.

A imposição de uma cartilha lembra a ditadura militar, lembra o “Caminho Suave” cartilha adotada pelas escolas no período da ditadura. É um desrespeito à liberdade de cátedra garantida pela Constituição Federal. Os três pilares que regem a educação democrática são

A Maiêutica: dando à luz as idéias

“Educação é aquilo que resta quando nos esquecemos de tudo o que nos foi ensinado”. (Michael Hammer)

Aristóteles compara o trabalho do professor ao de uma parteira. Assim como a parteira é capaz de fazer vir à luz à criança, o professor que deve auxiliar no trabalho de “parto” intelectual, ou seja, o professor deve ajudar o aluno a expor suas idéias.

“Criada por Sócrates no século IV a.C., a maiêutica é o momento do "parto" intelectual da procura da verdade no interior do Homem. A auto-reflexão, expressa no nosce te ipsum - "conhece-te a ti mesmo" - põe o Homem na procura das verdades universais que são o caminho para a prática do bem e da virtude. A maiêutica é um método que consiste em "parir" idéias complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro de um contexto (assunto)”. (Wikipédia, a enciclopédia livre)

Sócrates descreve a função como sendo semelhante à de uma parteira. É esse profissional quem irá ajudar a “parir” as idéias, e isso acontece através da reflexão, análise e síntese, o levantamento de hipóteses, na construção de conceitos, na quebra de paradigmas e no despertar do homem interior que se encontra amortizado dentro do aluno. O despertar dos poetas mortos, o músico, o cantor, o escritor, o líder, o cidadão, o crítico e o autocrítico, o visionário, enfim, tudo isso é despertado na fase escolar do aluno, e o professor tem o papel de fazer isso dentro do espaço escolar, lócus privilegiado da produção cultural e do conhecimento. Não é lindo o papel exercido pelos professores e professoras? Não precisa elaborar uma “cartilha” para o professor, isso é coisa de ditador. Basta oferecer condições dignas, estrutura adequada, materiais enriquecedores, reconhecimento profissional e LIBERDADE pra que o professor possa desenvolver suas atividades.

Não é com pressão nem com ameaças, não é com truculência nem com prepotência que o professor irá exercer com dignidade a linda profissão de ensinar. Ao invés de BÔNUS, sapiência e estímulo. Ao invés de GRATIFICAÇÕES, salário digno e ao invés de PRÊMIOS e PUNIÇÕES, valorização profissional. Como afirma Vicente Marti, tudo que o professor quer é mais que ensinar, mas para ser educador precisa de liberdade e muito mais: dignidade.

Quem sabe, ensina. Quem ensina com liberdade, educa. Quem sabe ensinar com liberdade e amor, desenvolve integralmente o educando.” (Vicente Marti)

O professor trabalhará mais feliz se for mais respeitado em sua cidadania. Se tiver mais liberdade para realizar seus estudos e pesquisas, se tiver uma escola com ambientes adequados ao aprendizado do aluno e se no lugar do assistencialismo o governo fizer prevalecer à dignidade desse profissional. Assim o lema “Ler, Escrever, Libertar” será uma realidade e essa nação será o berço de uma nova civilização: A civilização das letras e das melodias inteligentes, da poesia e dos contos maravilhosos, dos sonhos e da realidade concreta presente na vida de cada cidadão. Não seremos apenas o país do futebol, do carnaval ou da cerveja, mas um gigante que por séculos e séculos passou adormecido por falta de investimento em educação. Nossos policiais, nossos jovens e adultos trocarão as armas por livros, os governos trocarão a truculência pela negociação bilateral, as bombas por diálogo bilateral e não quererá IMPOR sua proposta como se tem visto, tanto com os professores como com os policiais civis, que entraram em greve nesse mês de outubro. Até quando precisaremos que o Ministério Público diga ao governo que ele tem que cumprir com seus compromissos para com os professores? Nossa sociedade alcançara a felizcidadania se os governos permitiraem, caso contrário, continuaremos apenas sonhando com uma nova nação a vida inteira.