Picador

Quem não conhece tijolos comuns, usados nas construções de grande porte moldurando imponentes palacetes, são poliedros de barro feitos a mão, mãos de artista,hoje camados de artesão. Neste momento quero dedicar estas linhas à um grande irmão. O zézim como era chamado.

Partindo do principio começaremos pelas tarde de sol escaldantes ardendo na pele, sim ardendo na pele, pois naquele tempo o protetor solar, era apenas o chapéu e uma camisa de mangas longas.

Animais adestrados eram seus companheiros de lidas,quando a sua jornada de trabalho começava outros estavam terminando, colocava os burros em uma carroça, sim eram os burros,eram atrelados de maneira a não atrapalhar o outro, dois ou três animais, então pegava o caminho até o barreiro que dependendo a época era bem retirado ,longe. Enchia a carroça de pá em pá, bem cansativo este trabalho, e tocava novamente de volta ,chegando encostava a carroça no picador-assim era chamado aquele lugar onde se jogava o barro ainda virgem- fazendo assim várias viagens ,três ou quatro, dependendo do dia.

O sol se punha o descanso era inevitável, dormia cedo ,a madrugada já lhe aguardava, as duas da manhã quando atrasara já se fazia de pé,pegava os seus amigos de batente e os atrelavam à “pipa”-este era o nome daquela engenhoca toda feita de madeira de lei que mais parecia um engenho de moer cana-de-açúcar,tinha umas facas afiadas colocadas em volta ao eixo todas em ângulos diferentes, pois eram elas que cortavam o barro hora jogado dentro daquele caixote- e os burrinhos eram tão treinados que bastava colocarem em seus lugares para eles saírem rodandos até ser dado uns gritos de pare, hooo!!!! E o barro era jogado dentro daquele pipa incessante, esta pipa tinha uma saída em uma de suas laterais onde era feita a sua observação enquanto a massa não dava o ponto certo era jogado de volta no equipamento e este trabalho tomava toda a manhã daquele homem,toda aquela massa , que alguns conhecem por argila era o material para o trabalho de mais uns quatro ou cinco homens que transformavam tudo durante o resto do dia em preciosos tijolinhos comuns de primeira qualidade,esta rotina em vários anos era o seu passatempo como dizia, até que seus sonhos criaram asas e ele saiu em busca de novos horizontes de vida.Parabéns irmão

por seus ensinamentos.

Sebastião Bronze
Enviado por Sebastião Bronze em 31/10/2008
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