Nada é mais sexy que uma velha máquina de escrever

O nome em si já é bem atraente. A palavra máquina traz uma certa importância consigo e o verbo no infinitivo acompanhando passa uma idéia de fantasia... Como se a máquina fosse de fato responsável pelo escrever.

A beleza para mim? Bem, é um pouco óbvia. Escrever para mim é um ato de amor. Nessa óptica, a máquina de escrever me iniciou sexualmente. Estranho? A questão é que máquina é a companheira perfeita para um escritor: rústica, manual, barulhenta e repleta de subjetividade.

Sim, eu lembro bem. Eu sentava em frente à velha máquina de escrever do meu pai, pondo folha após folha, escrevendo frases aleatórias. Era um deleite. Se eu fosse adolescente, teria sido erótico. Mas eu ainda era uma criança e aquilo me divertia de forma inocente. Fazia com que eu me sentisse importante. E aos poucos, no meu raciocínio doce de menina, eu fui percebendo que o simples ato de escrever aquelas bobagens preenchia algo em mim.

Tinha esquecido, até poucos minutos atrás, o que havia suscitado essa minha paixão por escrever. Agora lembro: foi ela, a velha máquina de escrever do meu pai. O nome usado deveria ser “máquina de fazer escrever”. Foi o que ela fez comigo.

Sofia Garden
Enviado por Sofia Garden em 09/01/2009
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