PEDAGOGA SOLIDÁRIA ("O solidário é a sombra de Deus." — Álvaro Santestevan)

Li o pensamento de Rita Nobre: "Quem não é solidário, é sempre um solitário". Esta era minha situação! Estive doente com dengue tipo clássico. Passei por médicos vez após vez, inclinando-me numa agonia que minha língua não podia descrever no momento. Sofrendo os sintomas da doença e também da solidão! Sobretudo, vi muitos doentes em situações similares à minha nos POSTOS DE SAÚDE por onde passei: no do Novo Mundo, das Amendoeiras e da Chácara do Governador, lugares onde tive tomando soro de reidratação, pois estava ardendo em febre e em depressão. Pensei na justiça divina, e o braço forte de uma professora amiga surgiu para me ajudar, revelou-se forte para me assistir. Era apenas uma professora pedagoga sem obrigações profissionais a meu respeito, apenas colega. Todavia quero homenageá-la, porque foi a ideal para mim, também naquela ocasião.

É possível que a escola se reservasse em festa especial para homenagear os pedagogos. Assim, como faz no dia do professor, no dia da merendeira, no dia do gestor, no dia do estudante; mas ainda não o fez, e não é difícil distinguir a importância do papel funcional de um pedagogo entre as atividades docentes. Alguns são apenas "profissionais", quando exercem a função de coordenador, estes souberam me cobrar serviço até aqui, porém de nenhum deles brotou uma palavra amiga em minha enfermidade. Talvez uma homenagem assim será atribuída a muitos que não merecem. Virão muitos sem as vestes apropriadas – o manto adquirido por ser solidário.

Aqueles a quem me dirijo podem se emudecer. Sabem que minhas palavras são oportunas. A verdade é que tocar o sino para a troca de professores, inspecionar diário de classe, sugerir que façamos projetinhos de leitura e de teatro e defender alunos “bonzinhos” das garras de professores “cruéis” é muito pouco! Quem sabe visitar também os doentes da comunidade interna. Mas muitos não têm a apólice que lhes asseguraria a dignidade para um dia exclusivo de homenagens. Cheios de autossuficiência, eles esperam estar bem com sua consciência. Mas, no futuro, os espelhos de detecção revelar-lhes-ão o bem que deixaram de fazer à educação, não realizando, também, um trabalho humanitário e cristão.

Hoje, ouço dos trementes lábios dos seletos pedagogos aposentados da educação as dolorosas palavras:

—“Nós ensinamos, demos nossa vida pela a educação e ninguém se lembrou do nosso dia de homenagem!” (20 de maio).

O que lhes faltou não foi profissionalismo, mas sim o dom da solidariedade. Que me perdoem os outros dignos, mas destaco a professora Lourdinha que me ensinou a solidariedade fazendo-me provar de sua bondade. Agora meu lema é: "como poderia eu deixar de amar quem me ama tanto!"