Meu primo Murilinho ("in memoriam")

Desde a minha tenra infância ouvia minha mãe Yvonne dizer com visível admiração "Você tem um primo Juiz de Direito"!Referia-se, ela ao Dr.MURILLO MATTOS FARIA JÚNIOR,filho primogênito do bem aventurado casal Hebe e Dr.Murillo Mattos Faria.

De seu pai, Ínclito Magistrado do Egrégio Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo,(corte extinta com a reforma do Judiciário)herdou além do nome, o indubitável intelecto e sensibilidade que o consagraram, posteriormente como notável expoente da judicatura paulista.

Seu apelido carinhoso (Murilinho) transpôs as veredas familiares, alcançando, destarte os anais forenses pátrios,onde ficou registrado imemoriavelmente.

Como então olvidar da figura ímpar do prestante cidadão,Insigne Julgador,amantíssimo marido, extremoso pai e dedicado filho e irmão?

Recordo-me com benévola saudade da primeira vez que tive a honra e a graça de avistar esta proeminente pessoa, convidados que éramos todos nós de um emocionante enlace, ocorrido nos idos de 1982, onde duas almas boas e gentis compromissaram suas vidas (Sônia e Manoel).

Sentado confortovalmente em uma bonita cadeira, Murilinho empreendia fascinante conversação com todos os convivas, inclusive com as crianças como eu.Fiquei extasiada,com seu melodioso timbre vocal, suas palavras escolhidas delicadamente (mas, sem afetação) e sobretudo com sua invulgar simplicidade, aliás própria daqueles que denotam raras grandezas morais,intelectuais e pessoais.

Recebera ele dos desígnios celestiais a mais régia de todas as missões terrenas:JULGAR O SEU SEMELHANTE! Para tal mister, absteve-se das inflamadas opiniões, distanciou-se do ódio e da cumplicidade, mantendo sempre em sua conduta profissional inegável incorruptibilidade, incontestável sabedoria e inquestionável humildade.

Em razão de seus prestigiosos predicados granjeou a mais sublime honraria reservada aos Eméritos Julgadores das cortes estaduais:foi promovido a DESEMBARGADOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO!

Assentadas que foram em seu caráter desde infante as mais dignas virtudes introjetadas por uma educação humanitária,amorosa e responsável em nenhum momento de sua brilhante carreira a névoa da empáfia conseguiu desnaturar sua radiante personalidade.

Abandonou o catre carnal precocemente em março de 2003, alçando voo às maravilhosas moradas divinas, onde estão abrigadas as almas de entes puros que como ele concretizaram a missão a que foram destinados de forma frutífera, plácida, manifestando o amor e a caridade em todos os seus gestos.

Em sua viúva Célia Tereza e também em sua filha Maria Silvia, abençoada esta última recentemente com uma linda rosa vinda dos jardins celestiais (Laurinha), apresentaram-se as qualidades mais marcantes de seu bondoso e meigo coração: a amizade desinteressada, o alento nos acontecimentos funestos e a infinita compreensão nos revezes da existência.

Chegará por fim a hora, em que todos nós nos encontraremos e mais futuramente um dia em que você, meu querido primo Murilinho, meu pai Ramon Áureo,meu tio Sérgio, meus avós, minhas amigas Magaly, "Rida Pizani" e Margarida Taranto e tantos outros seres humanos extraordinários,tais quais as aves voarão pelos céus deste mundo polinizando com seu grande amor as sementes das novas reencarnações!