Eram teus olhos , mãe!

Eram teus aqueles olhos, tua aura serenada,

Teu "olá bebê!" que brindou minha chegada.

Teu abraço em dia de chuva, teu colo em minha cólica,

Tua mão carinhando a minha ....

Eram teus aqueles olhos, nos tombos sob a janela

Na minha luta com a bicicleta, e minha primeira boca banguela.

Teu ralhar com testa franzida, teu cheiro de feijão e margarida.

Eram teu sabores, como mundo inexplorado...

Eram teus aqueles olhos nas minhas fracassadas mentiras

Desvendavam minhas entranhas, como alguém que com mão tira,

Não podia ao longe, nem de perto me esquivar

Teu amor fogo atinado, tua paz naquele olhar.

São teus. Estes olhos que me vêm ainda hoje.

Que me mudam qual criança, ainda que barba tenha

Ainda que mude a voz, ainda que a dor me venha.

São teus os olhos que me acaloram os ossos e congelam-me a retina

Um rio de borboletas no ventre, quando só vejo-te,Catarina.

Marcelo Naconeski
Enviado por Marcelo Naconeski em 08/05/2009
Reeditado em 26/04/2013
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