Ser Michael no Jackson

Michael, do hebraico Micha'el, tem a mesma escrita do latim “Michael”, apesar de acreditarmos que o nome seja anglo-saxão. Em português o conhecemos como Miguel. Traduzindo: "Quem é como Deus?"; ou até pode ser entendido como “aquele que é parecido com o senhor”, “igual a Deus”. Em nossa cultura Miguel é um anjo, ou melhor, o arcanjo de Deus, uma espécie de comandante o qual liderou a batalha ao lado de Deus contra Lúcifer, o “Anjo da Luz”. Rebelando-se contra o Pai, talvez por ciúmes do Amor que Ele depositara nos homens, o Arcanjo Miguel e toda a legião dos anjos defenderam Deus e na derrota de Lúcifer, este foi banido dos céus e “aparentemente” para mais perto da humanidade. Nessa luta angelical, de fato, quem saiu perdendo? A humanidade também foi defendida pelos “anjos do bem”, mas a derrota dos “maus” (Lúcifer e companhia) causou a compreensão de não podendo atingir diretamente a Deus, sua guerra estendesse aos homens e mulheres amadas pelo Criador. Deus ganhou, mas e suas criaturas obtiveram a mesma vitória?

Questões outras, sabe-se que Miguel utilizou-se da arte para vencer Lúcifer. Romanticamente falando, o Arcanjo fora imbuído dos coros angélicos para perturbar os anjos rebeldes e assim obter certa vantagem contra o inimigo colericamente fechado para Deus e seu amor. A arma sonora rica em emoções elevadas e apaixonadamente voltadas para o Pai enfurecia mais ainda os corações irados, pois eram bombardeados por dentro com uma energia poderosa capaz de sucumbir qualquer mancha maléfica. A defesa então era encher de mais ira interior, para não perder a guerra antes até do início. Em seguida a artilharia pesada entrou em cena: luzes, por todos os lados; brilhos para ofuscar de um lado, enquanto o outro usava a escuridão; raios, bolas de fogo, espadas fluorescentes, trovões e sinos eram ouvidos em cada “morte” de um dos lados. Enfim, lutas corporais que pareciam mais danças, como não poderiam deixar de ser, em pleno ar; dançarinos defendiam e atacavam, utilizando-se das asas como acrobatas os quais não vêem limites para suas peripécias.

Toda essa história lembra algum fato? Bem ou mal, um jovenzinho, criança, logrando fugir da “tirania” do pai, chorando e escondido num esconderijo por ele criado exterior e interior ao seu eu, vivenciou tal “guerra dos anjos”. E no mundo imaginário às suas emoções localizou-se numa nuvem bem distante do campo de batalha, mas onde era possível ver, ouvir e sentir com clareza tudo que acontecia. Com sua dor particular, captou a realidade dolorosa do confronto angelical em ressonância com a ARTE, método/instrumento eficaz de luta capaz de dar a vitória a quem melhor utilizá-la.

Não se sabe de que lado ele, aquele pobre menino Jackson, decidiu ter como modelo. Seja na luz da escuridão (seguidores de Lúcifer) ou na luz da Luz (Miguel), ele para fugir de sua realidade doentia, penetrava numa fantástica batalha/arte angelical, transmitindo aquela maravilhosa tática dos céus, às limitadas sensações humanas. Soube carregar consigo sua própria guerra existencial, mas transmitiu ao mundo a paz universal... Na música e na dança, seja preto ou branco, de qualquer raça ou nação.

Descanse em paz Michael!