Prefácio de Fugas por Luíz Prôa

Prefácio

dalila balekjian, em seu novo livro, Fugas, nos mostra que a evolução

é o caminho dos que persistem, dos que se lapidam e buscam a excelência,

como lema. A poesia praticada neste livro é uma prova disto. Em seu trilhar

pelo mundo das letras, Dalila adquiriu experiência e aprimorou seu olhar/

sentir em relação à matéria que lhe cerca e ao que há de humano em nosso

planeta. Munida de excelente bagagem,repleta de conteúdo,conhecimento

e sensibilidade, compôs um estilo próprio,uma voz distinta e sonora que não

destoa,pelo contrário,se destaca entre seus pares.

Escritora exigente que é, consigo própria, sintetiza em muitos dos seus

versos de forma que o muito que tem a dizer não dê espaço a nenhum excesso.

Antenada ao seu tempo,ela sabe do volume imenso de informação que estamos

todos expostos,neste momento de globalização do saber e das ferramentas modernas

que nos dão acesso a infi nito conteúdo de informações. E seguindo nesta

linha, nossa autora se mune do poder da síntese, seca as dispensáveis adjetivações,

suprime o que em nada acrescenta e nos oferta uma poesia enxuta, rápida

de digerir e profunda em mensagem e emoção. Com isto,contempla a todos nós,

consumidores de cultura contemporânea,que temos pressa em captar o que é

novo, mas não temos tempo para nos delongar em textos.

Fernando Pessoa disse que todo poeta é um fi ngidor, na verdade

todos nós somos fi ngidores. Fingir é ocultar, dissimular, fugir do que é real.

A realidade está aí, todos os dias, batendo em nossa porta, em nosso olhar,

invadindo nossa mente. E qual de nós não pratica Fugas para dissimular a

frieza do real. Nos jogamos no trabalho, no esporte, na comida, nos amores,

em passatempos, todas estas coisas Fugas - boas por sinal -, onde construímos

a realidade que nos faz bem, para fugir da realidade que nos faz

mal. Dalila balekjian optou pela poesia. Com ela nos mostrou o caráter de

sua generosidade.Poderia ter escolhido outras numa lista interminável, mas

quis,através de sua opção,uma que devolvesse algo ao mundo.Uma fuga em

busca do encontro com o outro e com si própria.

Em seu livro, Fugas, Dalila expõe um pouco de seu mundo, suas buscas,

inquietações e o que há de bom em sua alma. Através de belas imagens

poéticas compartilha seu olhar, suas percepções e sua verdade com todos

nós, leitores ávidos de um pouco de encantamento, emoção e singeleza.

Que estes poemas nos levem ao campo seguro de uma fuga prazerosa do

real,para momentos em que nossa mente e sentimentos naveguem por mares

que transcendam o que é palpável: as sensações e o estado etéreo que

bebemos através de nossas fugas,quando tocamos a arte.

Luiz Fernando Prôa

Editor de cultura na internet, escritor e poeta do site alma de poeta