EM GERAL AS MÃES, MAIS QUE AMAR OS FILHOS, AMAM-SE NOS FILHOS; (Friedrich Nietzsche – (Filósofo Alemão)
 

 
Desde a primeira vez que li essa frase pensei na minha amada mãe.

Dona Cida, assim a chamávamos, era esse tipo de mulher que nasceu para ser mãe.

Amava e como amava seus filhos.

Criou os dez que Deus lhe concedeu, adotou outros três e sempre manteve em nós a chama viva da paixão pela vida.

Zelosa com seus afazeres, sempre transformava um simples almoço numa grande festa.

Tinha plena noção de seu papel na sociedade e levava isso com muita sabedoria.

Evidente que tinha lá seus erros, mas diante de tamanha grandiosidade de alma, nem percebíamos.

Tenho de minha mãe dois momentos que, ao menos para mim são sublimes.

O primeiro foi uma vez que eu, recém casado, comentei com ela, (evidente que em tom de brincadeira):

Mãe, o pai chega a senhora arruma a mesa e coloca a comida no prato. Ele vai tomar banho a senhora prepara a roupa que ele vai vestir. Ele senta a senhora leva o chinelo para ele calçar. Não está na hora de parar com isso não?”


Meu pai olhava para mim com aquele sorriso marcante.

Ela não se fez de rogada. Simplesmente sentou-se e colocou a mão sobre a minha e sorrindo me disse:

“Mas filho, seu pai come o que eu quero, veste a roupa que eu quero, toma banho a hora que eu determino. Quem manda em quem ?”


Lógico que foi um momento de surpresa (inclusive para meu pai) e rimos muito.

Passados os anos constato o quanto era sábia a dona Aparecida.

Outro momento sublime, agora bem mais tarde, indaguei-lhe se ela era feliz no seu
casamento?

Aquela mulher baixinha pareceu-me adquirir uns dois metros de altura e respondeu me olhando nos olhos?

“Filho estou para completar 50 anos de casada com seu pai. Um homem trabalhador, carinhoso, atencioso e, mesmo com todos os seus defeitos, sempre me fez feliz”


Nenhuma queixa. E eles tinham lá suas diferenças, mas ela sabia que aquele não era o momento de falar nisso.

Surpreso somente abracei com força aquela guerreira e beijei-lhe a face,  como um agradecimento por tanta luz.

Mamãe era analfabeta. Nunca foi a um Shopping, nunca a vi sair para as compras.

Cinema? Acho que ela foi uma vez com meu pai assistir um filme do Mazzaropi.

Viveu para a família e deixou sua marca nos seus filhos, netos e bisnetos.

Acho que minha mãe encaixou sua vida exatamente na frase desse filósofo alemão.

Quando de seu falecimento, na beirada do caixão, todos os filhos de mãos dadas e toda a família (aproximadamente 70 pessoas) chorando muito, pude encerrar sua passagem aqui com uma frase:

SE PUDESSEMOS DAR UMA DEFINIÇÃO OU UM CODINOME PARA ESSA MULHER, CERTAMENTE TERIA QUE SER   AMOR.


Obrigado mãe por toda beleza que trouxe para a vida de toda sua família e ainda deu-nos a oportunidade de sermos dirigidos e aconselhados pelo seu coração.
Mario Pereira
Enviado por Mario Pereira em 18/09/2009
Reeditado em 20/09/2009
Código do texto: T1818405
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