Enio de Almeida, o do Quinzinho

Enio de Almeida, o do Quinzinho.

Nasceu em Jandaia do Sul, aos 22/02/1953, após dois meses da data de emancipação política deste pujante município do norte do Paraná. Seus avós, notadamente o paterno e, no caso, o senhor Joaquim José de Almeida Filho, o Quinzinho da Farmácia, foi um dos primeiros pioneiros. Seus pais foram o Geraldo de Almeida e Ilda de Almeida, proprietários da Farmácia Nª Sª Aparecida, herança do Quinzinho, sito à Av.Getúlio Vargas, 933, atualmente Loja Raluá.

É sabido que o Enio foi um moleque muito atrevido, perspicaz, mas companheiro. Jogou salonismo, tinha a sua patota, era bom de pancada pois lutava boxe e derrubava todos os moleques ou adolescentes que apareciam com luvas na sua frente. O pai, senhor Geraldo, até incentivada a molecada com prêmios em dinheiro para derrubá-lo. Mas o quê, o magricela era firme igual rocha. Que venha o touro, dizia! O Mauro Sobreiro que diga: aguentou uns cinco minutos... Segundo o Carvãozinho, do Asilo, o Enio aos 25 anos, mais ou menos, foi um ótimo vicentino. É isso aí boy...

Posso, como um mero e simples amigo e colega de estudos, segunda série ginasial dos idos de 1967, deixar escrito algumas virtudes desse “pequenino”, mas destemido amigo.

O Adiones, esse que vos fala, chegou de Pirapozinho-SP em Fevereiro de 1967 e logo ao adentrar a sala de aula, 2ª série masculina e noturna na atual creche paroquial, colocaram-no o apelido de Tibica. Eram da turma: Alzir Bochi (O Penacho); Aparecido Roberto Zanarde (O Bidú); Koji Wada (Clube Japones); Elizeu Bonaldo e Roberto Bonaldo; Geciel Belarmino Izidoro(Faz.Alvorada, de Cambira), Adiones (Tibica, Ponga); Daniel da Silva Moura (Tibicão), esse então coitado chegou transferido lá das bandas de Cianorte: pisou na porta e já colocamos o apelido em virtude à sua altura.Os nossos professores eram: José Netto (geog.); Lenita Cassoli Pereira (port.); Maria Conceição Welter (Artes Manuais); Dr. Leandro Teixeira (inglês). Os professores de mat., hist., assim como o nome de alguns colegas de classe sinceramente não lembro, pois passaram 40 anos! Perdoe-me, ok! Mas vejam a relação desses alunos no final deste documento.

Ah, uma historinha, ou estória como dizem alguns autores, sobre o coleguismo nato: a Lenita sempre rezou o Pai-e-Nosso e uma Ave-Maria, com todos em pé, antes do início de suas aulas. Ao sentar-se deparou com um cacto na sua cadeira mas, não sei se chegou a triscar, e o forró-bodó formou-se. Como até hoje não se sabe quem colocou o “presente”, todos foram parar na Diretoria e o pe.Leonardo Prota, com sotaque de portuquês legítimo, deu três dias de suspensão á turma. Era o que queríamos e o Cine Guarujá foi a nossa diversão naquela semana. Também pudera, do lado de fora do CEJS só havia duas segunda séries masculinas. Discriminação, sendo mais fácil fazer “parede” e outras bagunças.

Nunca mais estudamos junto e parece-me que o Enio formou-se somente o Curso Científico (depois Básico em Saúde) e hoje correspondente ao atual Ensino Médio. Foi um exímio pintor de paredes e de letreiros em placas, com o seu sócio Allan (Portuga).

No início da década de 70, o Enio casou-se com Elizabete Dias de Oliveira, filha do senhor João de Oliveira, dono do Posto Esso, de gasolina, onde hoje é o prédio da Radio Jandaia AM-FM, na Praça do Café. Sua despedida de solteiro foi no Jardim da Igr.Matriz São João Batista, defronte onde hoje é a Sorveteria Milk Mone, onde se reuniram uns 20 amigos e fumaram o ”cachimbo da paz”, entre eles: o Peco, o Diniz, o Lúcio, Koji, o Lingüiça, o Levis, o Wilsinho, o Marino, o Ponga, entre outros. É sabido que nem todos entraram na “dança” e o respeito ao não do colega, era sagrado. Lembro-me, ainda, que o casamento foi inusitado por ser à moda hippie, descalços e numa segunda-feira, totalmente fora dos padrões da época. O então estudante Dilico (Dr. Devair Pavesi) e a Vera (cunhada do Enio) foram uns dos padrinhos. Logo o Enio ficou viúvo, pois a sua amada, então Elizabeth de Oliveira Almeida, faleceu em 08/09/1979, de câncer. E sem fazer nenhuma apologia à maconha, mas tinha pessoas que dava um “tapa” com bosta seca, de cavalo, e dizia: -estou ligado...”. Eram da turma. Naquele tempo Jandaia e Mandaguarí tinham as rixas e muitos dos nossos saiam corridos de lá e os de lá muitas vezes saiam corridos daqui, era pegar o primeiro ônibus ou ir pela linha férrea. O pau comia solto, pois agarrava-se pelos cabelos, notadamente longos por ser a época da jovem-guarda e dava-se socos e pontapés. A mãe do cara era santa, mas o mesmo era um fdp. Admirei muito no Enio, a sua memória, a sua inteligência, o seu companheirismo. Era bom de taco, pois jogávamos sinuca, vida, porrinha ou três birros e mata-mata, nas mesas oficiais de snooker. Foi, também, campeão de Peabolim no Bar “seo” Rubens, onde hoje é a Farmácia Central, do senhor Luiz Santana, o corintiano.Quando o Enio enfrentava individualmente ou em duplas o Leônidas (loja de tecidos), o Agenor Berti (idem) e o Leonel Brione (agrimensor e desenho) a mesa de peabolim ficava no ar! A minha primeira calça Lee Redgers, que era pra poucas pessoas, comprei de segunda mão do Enio. Todos nós comprávamos objetos do Enio, quando não, era doação. Ganhei uma camisa de seda preta, mangas compridas, com estampas de relógios nos detalhes. No fim dê-a ao Levis, o Levi Cabrita, tio do Zezão e do Joãozinho, sendo este o melhor goleiro que o Jandaia já teve. Cito-o, tb, em “És um Farizeu...”.

O Enio viveu um tempo morando com o casal Antonio e Ditinha, de Jandaia do Sul. Residiu, como interno, no Hospital Regional do Vale do Ivaí por cerca de 30 anos. Saía de vez em quando, de licença, e parava na Rodoviária pra dar as suas beiçadas numa ou noutra pinguinha. Era um dos seus pequenos vícios. Mas quem não tem vícios?

Outra historinha: numa boca da noite, o Enio estava passando defronte à minha casa, e eu meio “brasado” o convidei pra chegar, jantar e dormir, mesmo sem a aprovação de minha esposa, a Luizabete, apesar que em casa é ela que manda, mas quem manda nela sou eu, daí valeu a minha ordem. Já tomamos mais uns goles, jantou, dormiu e no outro dia, saiu cedinho sem levar nada, sem por a mão no alheio. Era, portanto, mais uma de suas virtudes. Dizem que sempre estendeu a mão pra levantar um amigo; seja no Regional, seja na Praça.

Costumava pedir, de uns tempos pra cá, R$ 0,50 ou R$ 1,00 pra tomar uma. Nunca roubou, ao que se sabe. Pedia e não tinha vergonha de dizer a finalidade do gesto. Viveu a sua vida, como quis, foi rico e ficou pobre de bens materiais mas não dos valores espirituais, deixou histórias. Ah, também foi um bom artesão e um ótimo pintor de Telas, artes plásticas em nanquim, sendo que os seus quadros foram vendidos ou trocados por mais ou nada. Segundo o Antonio Carlos Costa, o Tonhão, o famoso artista plástico brasileiro, Aldemir Martins, autor de “Os Cangaceiros”, dentre outros, viu alguns trabalhos do Enio, mandou uma correspondência parabenizando-o, mas a mesma sumiu. Nos bares da rodoviária e com o seu primo Rui Vida Leal, não está. É sabido, também, que o seu primo Rui, tirou-o dos porões de uma oficina, onde um bom da boca, já falecido, queria empurrá-lo pra outras drogas mais pesadas. O Rui deu conselhos, roupas, comida e pousada, sendo que foi o mínimo que pode fazer, confidenciou-me. A senhora Creusa Sasso adquiriu dois quadros do Enio, colega de infância na escola: o “Palhaço Chaplin” e o “Menino e o Palhaço”, réplica do cineasta. Relíquias. Um bom cristão, tem que viver a vida pra quando morrer, todos falem bem e que as virtudes sejam de 51% e mais. E foi o que aconteceu. O Enio deixou de respirar, às 04:00 horas do dia 12/04/2007, com 54 anos, após ter sido levado ao PAM de Jandaia do Sul pela ambulância dirigida pelo seu colega Peco (o Travagim); do Hospital Regional foi e voltou conversando, como tantas outras vezes, parecendo que estava tudo bem até o enfarto fulminante. Foi velado na Capela Mortuária, defronte ao cemitério e a encomenda ou culto do corpo presente o foi pela sua prima e Min. da Eucaristia, Sra.Evely de Almeida Ramos tendo seu corpo descido à necrópole exatamente às 18:00 horas deste mesmo dia, onde está junto dos pais. Fizeram-se presentes seu irmão Geraldinho, seus primos, demais familiares, seus amigos e, principalmente os seus filhos Enéas de Oliveira Almeida e Joaquim José de Almeida Neto, o Kiko.

Segue o rol dos alunos e seus colegas da 2ª série M, turma noturna, conforme a Ata de Resultados Finais – 1ª Época - ano de 1967, fornecida pela Dª Cida junto ao arquivo morto do Colégio Estadual Jandaia do Sul, em 24/04/2007: Abílio da Silva, Adiones Gomes da Silva, Alzir Bochi, Antonio Carlos Sanches, Antonio Segura Papa, Aparecido Roberto Zanarde, Argemiro da Silva, Elizeu Bedin, Elizeu Bonaldo, Evaldy Rodrigues dos Santos, Geciel Belarmino Izidoro, Geraldo Sassá, Jair Rodrigues de Almeida, João Batista Flaça (ou Franco), João Carlos Rodrigues, João Franco Rodrigues, Joaquim Geraldo Motta, José Eugênio de Godoi, José Francisco Vicente Filho, Koji Wada, Orestes Brasil Filho, Roberto Bonaldo, Zosmo Sonni, Daniel da Silva Moura, Wilson Gonçalves Cardoso, Ary Marcondes da Fonseca, Ubirajara Cacique da Costa, Tusei Kawagee e Enio de Oliveira Almeida, pela ordem, total de 29 companheiros, sendo que uns 20% já viajaram! Estão com Deus. Era o que tinha a relatar.

Autor: Adiones Gomes da Silva, o Ponga – Rua Rotary,73 – tel/fax.: 43-3432-8613, e-mail: adionesgsilva@pop.com.br - CEP86900000 – Jandaia do Sul – Pr – SPJ/ABR/2007/DOC.029