QUARTO ESCURO

QUARTO ESCURO

Fiquei meses da minha vida confinado em um recipiente úmido e com muita água. Preso por uma corda que limitava a minha mobilidade e eu, não conseguia me livrar dela. Dava cabeçada nas paredes, chutava, dava soco e nada. As pessoas do lado de fora, pareciam felizes com o meu sofrimento. De tanto pular de um lado para o outro, ficava cansado e dormia. Aliais, era a única coisa que eu sabia fazer “dormir”. Às vezes, as pessoas colocavam música pra eu ouvir, mas era umas musiquetas tão ruins (músicas de ninar, caixinhas de música e etc.), que eu não gostava de nenhuma. Eu queria mesmo era Rock Roll, Thriller de Michael Jackson e Metal... Até que certo dia percebi uma grande movimentação do lado de fora do confinamento. Eu não tinha como saber o que realmente estava acontecendo, porque não havia nenhuma abertura. Mas estava ouvindo sirene de carro que parecia da policia. Tiraram um pouco de água do quarto onde eu estava. Eu percebi que umas pessoas riam e outras choravam. Minutos depois, lá estava eu pelado de cabeça para baixo. Alguém me livrou do confinamento e logo em seguida da corda. Aí veio um cara que eu nunca tinha visto antes e me deu um tapa na bunda tão forte, mais tão forte que eu comecei a gritar, só parei quando vi pela primeira vez a minha mãe.

Homenagem para todas as mamães

Texto de Salvador Filho

Salvador Filho
Enviado por Salvador Filho em 07/02/2010
Código do texto: T2074623
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