MIRACEMA

Enquanto concluo mais uma de minhas crônicas, quero neste momento, prestar uma homenagem a um amigo do peito, Israel Antônio Ramalho de Barros, falecido prematuramente, e que nos deixou um livro de poesias intitulado "Versos &Anversos". Seus versos eram duros e retratavam nua e cruamente "a vida como ela é",como dizia Nelson Rodrigues. Porém, pincei um momento lirico do Ramalho, quando se recorda da sua terra natal e nos brinda com o poema MIRACEMA. Eis o poema:
Miracema,
minha terra, meu poema
que saudades
que grande lembrança
do meu tempo de criança!

Da Praça Dona Ermelinda
do Jardim
do Ringue das "peladas"
dos pés de jambo
da molecada!

Miracema, minha terra, meu poema
terra mística
cheia de lendas
dos escravos, das fazendas!

Miracema,
minha terra, meu poema
do Santo Antônio dos Brotos
padroeiro da cidade
por causa do milagre
da construção da Igreja!

Miracema,
minha terra, meu poema
da rua Direita
passarela das meninas
que num vai-e-vem constante
davam "bola" as pequeninas
num fugaz amor distante!

Miracema,
minha terra, meu poema
do Grupo Escolar
Ferreira da Luz
do Buarque Nazareth
onde comecei a estudar
aprendi o "beabá"
da Professorinha Elza
da Dona Rute também !

Quanta saudade
que não apaga e faz bem !

Miracema,
da minha adolescência
onde nasci e fiquei rapaz
Miracema,
das minhas reminiscências
da minha dura e doce
impaciência
de voltar a vê-la
com urgência.