Uma companhia para a estrela solitária

Não vou chamar esses rabiscos de crônica, pois hoje ficaria envergonhado.

Também não vou deixar passar em branco, pois não conseguiria mais escrever se não dedicasse pelo menos uma tentativa.

Mais que o homem íntegro, muito mais do que haver criado o Jornal Nacional e o Globo Repórter que pouco mudaram desde então,  mais ainda que os deliciosos programas que me faziam parar até o pensamento para ouví-lo.
 
Foi Maestro cronista mas dizer esportivo é limitá-lo. Foi cronista. 

Apaixonado pelo Botafogo, time que um dia teve tantos garrinchas que fizeram brilhar mesmo nas tardes maracanizadas uma estrela solitária. 

" Quanta majestade no trato de uma bola! O moço jamais fez um truque. Só fazia arte. Nilton não era um jogador de futebol, era uma exclamação. Tu em campo parecias tantos/ E no entanto - que encanto - eras um só: Nilton Santos."

Foi cronista.

Apaixonado e não só pela bola. Como no texto abaixo, em que ele reveste de esporte outro tipo de jogo:
 
"De onde vem a aura que purifica os dedos de tuas mãos, quando lanças uma bola de três pontos?  Quem te deu a graça de enfeitiçar a bola? E teus gestos, de que matéria luminosa vem tamanha majestade? Bailarina do jogo, a inventar irretocáveis coreografias. Sexto sentido da bola que sobe, radiosa, pra culminar florescida, triunfal, na castidade de uma cesta. Beijo tuas cestas,Paula, pela ventura de poder beijar-te as mãos."

Quem mais elegante que o Armando Nogueira? Deve haver, mas não hoje. 

Ainda vou chamar de crônica um ou outro escrito meu. Mas não hoje que O Cronista morreu. 

(foto da Wikipédia, a enciclopédia livre, Botafogo Futebol e Regatas)
Rosso
Enviado por Rosso em 29/03/2010
Reeditado em 10/04/2011
Código do texto: T2166525
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