148 - POR TODA SUA VIDA...



Para ele tanto Itabira quanto Roma tinham igual importância. Travava suas próprias batalhas, numa peleja constante. Era necessário vencer todas as guerras e isto nunca lhe parecia impossível.

Ainda na luta para vencer o exército daqueles que sem compromisso dirigiam a cidade com mãos insensíveis, “a sua cidade”, ele seguia quase solitário. Sua estratégia era empregar as palavras de forma contundente como se fossem uma espada ou afiada adaga.

O amor pela terra que adotara era de onde vinha o alento. Tinha insofismável dom de acreditar nos seus sonhos. Ia em frente como um velho bandeirante caçador de esmeraldas e outros minerais, embora soubesse que na vida nem tudo que reluz é ouro.

Jamais permitia que os generais no comando das políticas lhe toldassem a visão com quimeras. Sabia de sobra, se lhe faltasse sabedoria seria pisoteado pelos elefantes de todas as cores e matizes na busca do resultado ilusório de uma curta vitória na vida e no cenário político.

Sempre teve medo de propostas obscuras, se não as visse com transparência cristalina já nos projetos percebia de longe a trama e a denunciava não se importando quanto o chamassem de louco.

Assim foi toda uma vida pelejando como um “mouro” ou como autêntico “general” ainda que tivesse horror pela alcunha mesmo que perdesse seus amores para tramas palacianas.

Por décadas atravessou montanhas na defesa do minério e do ouro que via escorrer pelos dedos como se fugissem do compromisso da transformação em bens de capital ou maior valor agregado. Defendia que cidade merece maior respaldo político e respeito na busca do desenvolvimento, não lhe basta arrancar matéria prima deixando para outros a indústria que produz várias safras.

Marchou, marchou, marchou sempre contra a megalópole da corrupção seus desmandos e insensatez que, na associação com os inimigos Lesa-Pátria, buscavam, na calada da noite, alguma trama entreguista do ouro, petróleo e minério que, ontem nossas riquezas, hoje simples commodities.

Na sua visão a cidade jamais se submeterá, assim como, jamais aceitou banquetear-se com aqueles a quem chamava de “vilões” das mentes dos homens livres.


Homenagem “in memóriam” a Aníbal Moura – 91 anos.

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 03/04/2010
Reeditado em 10/02/2012
Código do texto: T2175333