MÃE...

Mãe...

Fique triste não.

Ficaremos todos bem.

A senhora partiu na hora certa.

É a lei da vida.

Mas saiba que sempre viverá

no coração de cada filho, neto, bisneto e amigos.

Mãe...

agora descanse do fardo

que tanto lhe pesou a alma.

Que tanto lhe maltratou nestes últimos anos de vida.

Está leve agora para navegar para outras moradas.

Moradas de paz, que certamente, já está a caminho.

Mãe...

Sentiremos saudade das histórias de suas viagens por este País afora

que nos narrava com tanta maestria,

misturando, às vezes, realidades e fantasias.

As fantasias eram para dar mais brilho as histórias,

afinal, qualquer história mais real que seja,

sem as pitadas de quimera fica cansativa e meio sem graça.

Mãe...

Vendo-a neste ataúde

com os seus olhos fechados

dá vontade de abri-los

para que a senhora nos veja mais uma vez.

Mas é apenas pensamentos da emoção.

Sabemos que nunca deixará de nos enxergar,

Seja neste momento, seja eterno.

Mãe...

Durma o sono da paz

e acorde em paz.

A senhora merece por demais

depois de tanto sofrimento,

sofrimento este que suportou

com dignidade, perseverança,

sempre esperançosa que daria

para viver mais um pouco.

Mãe...

Hoje estava vendo suas fotografias

de várias fases de sua vida.

Sempre com um semblante meigo

para aqueles que a rodeavam.

Sempre se preocupando com todos

e todos com muito carinho à senhora.

Cheguei ao fim depois de ver dezenas de fotografias

e confesso-lhe que fiquei com uma sensação de placidez.

Guardei-as e fui dormir.

Dormi o sono da quietude.

Senti quando a senhora me deu boa-noite

beijando o meu rosto,

e me sussurrando nos ouvidos para que todos

os seus familiares e amigos pensem na senhora

com muito amor e relembrem as boas coisas convividas.

E num ultimo sussurro disse-me apenas "ADEUS meu filho."

Marcos Arrébola
Enviado por Marcos Arrébola em 18/05/2010
Reeditado em 27/08/2010
Código do texto: T2264851