93 - ASSIM NA VIDA, COMO NA MORTE...
                                                                                                                                        Leninha



Seus traços ainda demonstravam como fora uma bela mulher...
A alegria de viver ainda brilhava no seu rosto quando o derradeiro infarto a pegou, numa tarde de outubro de 2009... “Agora estava ali, com branco véu a tentar empanar-lhe a fúnebre beleza”.

Ela sempre soube do furor que provocava nos colegas de trabalho, na hora do cafezinho, olhares gulosos a devoravam juntamente com as merendas que lhes eram oferecidas e tripudiava dos olhares que a cobiçavam, levando tudo na brincadeira. Dizia ser muita areia para aqueles caminhõezinhos. Nos dias de hoje seria um arsenal de processos por assédio, mal dissimulado. Naquela época, aceitáveis brincadeiras.

Nos anos setenta, o setor onde ela trabalhava foi transferido para a capital do estado. E ela se foi juntamente com todo seu charme e beleza, deixando aqui na sua cidade natal um séquito de admiradores e pretendentes que jamais tiveram a coragem ou ousadia de declararem seu amor.

Desfilava sua bela plástica nos corredores da empresa, bem como seu perfume Channel nº 5 que tomava conta do corredor quando ela passava para ir ao escritório do chefe do setor ou a outros departamentos (ou só para infernizar a vida dos seus admiradores).

Nesta época a empresa ainda não fornecia uniforme.
Entre as funcionárias do setor era verdadeira disputa sobre quem andava melhor trajada, disputavam até as melhores costureiras.

Não havia uma roupa nova ou um novo modelo de sapato e sandália que ela não comprasse... Óculos para sol, todos os modelos. Seus lindos cabelos sempre muito bem cortados, no último modelo das atrizes de fotonovelas, quase sempre loiros ou blond.

Era a vaidade a caminhar! Linda e vaidosa a toda conta.

O que se poderia dizer com certeza é que era bem sucedida no trabalho. Algumas vezes fora chamada para representar a empresa em eventos sociais. Temos a certeza que não era somente pelos seus dotes físicos e aparência. A fala de ex- aluna do Colégio Nossa Senhoras das Dores e Faculdade de Ciências Humanas de Itabira, era sempre muito bem articulada.

Mais de duas décadas depois eu a vi em Itabira, ela estava aposentada. Certo que engordara um pouco e já não fumava seus longos cigarros de marca especial... Recomendações médicas após um infarto. A prudência, embora tardia, e cuidados com a saúde, passaram a fazer parte da sua vida juntamente com outras preocupações de ordem material.

Disse que fizera um mau casamento e estava pagando caro por este fato, mas, não se arrependia de nada encarava como natural que algumas coisas na vida poderiam não dar certo, o amor era uma delas.

Hoje os amigos guardam saudades e boas lembranças da amiga Marlene.
Olhar que outrora,
Com a fala e a forma,
Era puro encantamento.
Agora de profano amor,
Sublime consentimento.
Nada mais importa
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18/02/2010

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 23/05/2010
Reeditado em 10/02/2012
Código do texto: T2274462