Ela (homenagem à poetisa Florbela Espanca)

Ela que semeou palavras em versos

e gritou forte sua solidão de alma,

entremeando seus sonhos dispersos

em lágrimas que lhe roubaram a calma.

Ela que andou perdida, presa na cruz

dos padecimentos de quem vive solitário.

Como amigo, somente o poema que a conduz

a transcender seu luto, em sutil relicário.

Ela que a tantas pessoas traz encantamento,

que quando surge, todo mundo se dobra,

cujo choro se escuta em seu poético lamento;

talvez tenha sido a musa de alguem em tormento,

de cuja visão, no sonho não se desdobra

em realidade do amor, por um só momento.

Santos, SP

30/08/06

Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 31/08/2006
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