Drama sem Luz (Flaviane Pereira)

Tem um ano que meu pai sofreu um derrame. Ele sabia que tinha pressão alta, mas não estava nem aí. Quando isso aconteceu eu trabalhava na delegacia. Sou funcionária pública.

Na semana em que meu pai foi hospitalizado, o meu ofício se achava pronto para a minha volta à Secretaria de origem; passei a trabalhar em plantão 24 x 48. Isso me dói: quando mais precisei não me ajudaram!

Nesta época nós filhos --- meus dois irmãos e eu --- tivemos que modificar to-da a nossa vida, por causa do bem-estar dele.

Fizemos de tudo por ele, porém chegou um ponto em que ninguém agüentava mais, esgotara-se a paciência.

Sim; compreendo a situação dele, que vê suas filhas dando banho, colocando fralda e até limpando-o. Isso deve ser muito humilhante.

Hoje ele é uma outra pessoa, aos poucos está voltando a fazer tudo de que gosta. Pintou até a nossa casa... Foi realmente engraçado: ele pintou até o cachor-ro!

Meu pai é a minha lição de vida. Ele e o meu filho que um dia vou ter.

Meus irmãos não dão mais a mínima para ele. Fico triste mas não posso fa-zer nada.

Literatura Cabofriense
Enviado por Literatura Cabofriense em 02/09/2006
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