Saudades vovozinha.

Segunda feira, 12 de abril de 2010, era uma segunda normal, antes de ir ao trabalho, fui visitar minha vovozinha, que tinha saído da minha casa a menos de 20 dias… Gostava de pegar na sua mão e sentir sua pele fininha, gostava de escutar o seu sorriso que já parecia cansado, seus olhinhos brilhantes, rodeados de rugas que o tempo em 81 anos havia colocado em sua face, dias vividos, dias sofridos de horas felizes.

No domingo, um dia antes eu tinha passado lá, pra ver ela, já era noitinha, e eu vi uma mulher com um olhar meio perdido, olhava pra mim e ao mesmo tempo parecia que não me via que não me conhecia, só agora sei que eram tantos os pensamentos que deviam passar por sua mente naquele instante, tantas considerações, que na verdade não tinha como interagir muito com quem estava a sua volta... Estava voltando ao passado, lembrando de coisas! E lá estava eu segurando sua mão, e junto com ela que não se separava do seu terço, oramos juntas em silencio.

Na segunda chegando lá, já não vi mais seus olhinhos, já não conseguia abri-los, desesperada, pedi ajuda (encaminhamos para o hospital). Eu tive que ir trabalhar, estava sempre em contado com eles no hospital, minha mãe me informava a cada passo, mais ela não tinha melhoras, estava no balão. Eu pedia a Deus que ela ficasse boa, ela já tivera muitas crises, e sempre voltava, mas não foi assim naquele dia! A cada segundo, a vida se tornava mais distante e de um momento para outro ela partiu! Eu já estava lá do lado dela quando tudo aconteceu, e nada eu fiz para impedir, o que eu podia fazer? Mas eu queria fazer, mas me faltaram forças, e então parte de mim começou a morrer também.

Naquele instante lembrei-me do seu rosto, do jeitinho assustado, e da forma como me olhava, parecendo não me reconhecer, lembrei também do seu sorriso, das historias que me contava, acho que realmente sabia que iria partir, e naquele momento, tudo tomava um significado diferente, acho que olhava para cada um dos rostos, meio que se despedindo, querendo gravar na lembrança.

Ela partiu e foram poucos os abraços que lhe dei, não disse o quanto a amava, não naquele momento, em que foi uma correria, sequer conseguir ficar perto não queria ver ela daquele jeito, morta, sai de perto, só no outro dia no finalzinho de tudo, na saída para o enterro, tive coragem de chegar perto de seu caixão, para o ultimo adeus, e foi horrível ver seu rosto pálido cinza sem vida dentro daquele caixão, eu queria tira-la de lá, queria que ela ficasse comigo...

O estranho é que pensei que estaria preparada para a hora que ela partisse, ela já estava velhinha, com um aspecto cansado, mas não foi isso que ocorreu, como senti e ainda sinto sua morte, foi velada durante dois dias, e durante dois dias eu implorava a Deus a vida dela de volta, inconformada eu me julgava, por não poder fazer nada, a mulher que mais amo, estava indo para sempre! Não sei se dei o ultimo adeus, pois pra mim ela esta viva, não morreu, apenas viajou…

Ainda hoje sonho (acordada) com ela, em meus pensamentos ela está viva, amanha faz 2 (dois) meses, parece que foi ontem, ainda sinto! Sinto-a viva aqui comigo.

Queria mais tempo com ela…

Daiane Garcia *eumesma

12 de junho de 2010

Daiane Garcia
Enviado por Daiane Garcia em 21/06/2010
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