Era cedo demais

Das coisas que eu tenho que dizer, isso está aqui entalado na garganta. Foi cedo demais. Muito mais do que todos aqui podemos suportar. Eram dias ensolarados com o teu sorriso radiante, com a tua alegria sem fim. Mesmo os dias nublados e cinzas se faziam mais alegres quando você estava aqui, e eu queria abrir teus olhos. Eu queria acordar desse pesadelo escuro, e te encontrar como sempre foi, com os mesmos olhos brilhantes. Eu não consigo abrir os olhos e ver o seu espaço vazio. Não há nenhum lugar que não esteja preenchido pela tua ausência. Eu já não sei como vai ser. E no começo era tudo tão feliz, eu podia sentir, que o buraco da tua ausência seria maior que eu. Eu estou tentando ser forte. Eu juro que estou. Eu me agarro nessas paredes mas tudo pra onde eu olho me lembra você. Cada uma das suas frases soando no vazio. É um buraco negro dentro de mim, é a perda. Todo o resto não substitui você, e é tão injusto perder. Perder aquilo que amamos. As manhãs estão mais tristes. As árvores estão envelhecendo sem que o tempo passe nesses dias tão longos. Tudo está tão lento e doloroso. E a tua voz está na minha mente. E aquela dor está corroendo cada centímetro desse corpo. Eu já não sei o que sinto. Mas nesse inverno o fogo queima o meu rosto, as lágrimas já não caem, e a dor é prisioneira de um buraco irreal. É cedo demais pra que seus olhos se fechem. É definitivamente cedo pra que eu não possa olhar mais pra você, naqueles dias que sem que eu soubesse, foram os melhores que já vivi. Insubstituivelmente você estará aqui, por todo o tempo, até o fim. E nada, nada mais será o mesmo.

Para alguém que partiu cedo demais. descanse em Paz Dinho.

Marina Dalmass
Enviado por Marina Dalmass em 02/10/2010
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