Homenagem à Mulher
LEMBRANÇAS
Eu, pela vida maltratado, penso: Maria Clara deve ter casado. Já Inês, seu futuro é ignorado. Também não sei a quantas anda a honradez da Maria Fernanda. Dora, ora essa, não perdeu a linha, nem me flagrando com a prima da Selminha.
Isso, anos já se vão, quando a Valéria, aborrecida, me deixou na mão. Ouvi dizer que a Sandra, nariz de bruxa, agora loura, está pensando que é a Xuxa. A Sônia, do peito erguido, deve ter morrido, não sei, sumiu e Suzana, a bacana, me encontrou, fingiu que não viu. De outras tantas me chegam remotas notícias, sejam de Carlotas, Alexandras ou de Letícias, como daquela eterna quarentona - ainda veste preto, igualzinho à Madonna. A cara de chacrete, a doidinha da Paulete, teve sorte
igual a da Marli. Ainda andam por aqui e por ali. Cristiane nunca me quis, nem a Rejane, a Grandona e a Beatriz. De Maria Helena ficou um resto de pena, um caso sem solução, como a loura do metrô, a Turca e a Conceição. Pena também me dá a pobre da Alice. Muita plástica, massagem e ginástica não escondem a sua velhice. Enfim, lembrar de todas elas, inclusive da Gabriela, me dá uma certa alegria, ainda mas sabendo que hoje à noite vou sair com a filha da Célia Maria.
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Bêbado de Amor Saudoso
Valéria, Valéria, quanta saudade! Rogéria, digo Valéria, nunca vou me esquecer... O que, mesmo? Valéria, aqueles seus três peitos. Peitos? Não! Beijos! Beijos! Aqueles seus três beijos naquela festa, Valesca, doce lembrança. Sim! Esperança ou... Vitória.
É, Vitória, você era demais. Nua, nunca perdia. Sempre Vitória. Fui derrotado pela Vitória. Glória! Glória dela, é claro! Não! É Clara; sim, seu nome é Clara. Agora me lembro!Glória! Por que Glória de novo? Seria este o seu nome ou o seu bairro?
Nunca vou me esquecer os seus cabelos azuis. Azuis? Não!Os seus olhos azuis. Quanta pureza. Teresa? Sim, Teresa. Não. Santa Teresa. É ali que ela morava. Ela se chamava... se chamava Leo... Lau... Sue... Sus... suspiros de saudade. Humph!Humph!
Eu amei, amei sim, essa malandrinha. Sim, Sandrinha, agora achei, a.. chei Sheila! Não, Leila.. sim, Leila, nosso amor valeu a pena, Helena! Maria Helena Isso mesmo. Suas mãos, gestos a esmo, seus dedos, todos dez, seus pés, seus medos, havia segredos e muitos Alfredos. Foi bom, mas passou. Valeu. Ela não escreveu e não leu. Era de pouca cultura, mas tinha classe.
Sim, valeu! Mas, quem mesmo? De verdade?O nome? O bairro? Ah! Ela se chamava Adelaide. Ah! Delaíde, Alaíde. Não! Me enrolei. Ela era... era... séria! Sim, séria.Valéria, Valéria, quanta saudade! Rogéria, nunca vou me esquecer.., o que, mesmo?
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Minha Receita de Mulher
Sem querer plagiar Vinicius de Morais
À sua receita de mulher acrescento
Alguns ingredientes mais.
A mulher ideal, fatal, sem igual
É algo muito especial, quase espacial.
Obviamente, beleza continua sendo fundamental!
Porém os cabelos, lisos à altura dos ombros,
Devem dançar ao menor vento
Já os dentes (branquíssimos) bem traduzem
A perícia artesanal de Deus neste seu intento.
Ela traz um toque de classe no andar
Acrescido de um jeito meigo de olhar.
Sua boca é ligeiramente exótica e
Na intimidade, é discretamente neurótica.
Cabeça feita e bacia estreita são fundamentais
E ainda digo mais.
Dos pés (Ah! os pés) já nem falo.
É primordial não haver o menor sinal de calo.
O calcanhar é torneado com extrema acuidade
E os dedos (na medida certa) nos olham
Fixamente com sensualidade.
Magra e meiga por definição
Longilínea e atlética por aptidão
Se faz fogosa por opção.
As maçãs do rosto formam
Com o queixo o triângulo da beleza universal
Um pouco abaixo, os seios, estilo taça,
Mantêm entre si a distância ideal.
A bundinha, ligeiramente saliente,
Termina na mais perfeita sintonia
Em um par de coxas expoentes.
Posto isso, enfim vou terminando
E o Vinícius novamente aqui citando.
Juntas a dele e a minha
Depende o que estamos comparando.
Se em poesia ele é rei e eu fichinha,
Em matéria de receita estou ganhando!