Homenagem a 10 mulheres
AS DEZ MAIS POR QUEM CHOREI
Isolda - Foi uma excelente parceira. Amiga, companheira, falava baixo, ria baixo, era baixa, mas tinha tudo em cima. Conhecemo-nos quando eu estava trocando pneu do meu carro. Ela ofereceu auxílio braçal. Estava sempre disposta a ajudar. Durou uns quatro meses. Chorei muito quando constatei que o meu papagaio a tinha expulsado de casa. Era a mais submissa.
Tânia - Bem formada de corpo, forte, tipo atlética. Bonitona no seu estilo. Gostava de virar a noite em bares. Às vezes, eu ia embora e ela ainda ficava por lá caída, dormindo. Boa companhia, quando sóbria, apesar de um pouco confusa. Chorei muito quando me deixou porque impedi que ela tomasse a quinta garrafa de uísque naquela noite. Era a mais "drunk".
Angelina - Bonita de uma certa forma. Fogosa de uma outra forma. Cabelos excepcionalmente negros, tingidos, corpo bem torneado - bem lipoaspirado. Sentia carinho no toque das suas mãos já meio gastas. Chorei muito quando ela sugeriu que viajássemos com seu netinho de um ano de idade. Brigamos. Era a mais coroa.
Graça - Nem bonita nem feia. Nem boa nem ruim de corpo. Nem gorda, nem magra. Nem rica, nem dura. Nem quente, nem fria - parecia com a mulher do Pingüim, ou mesmo com um pingüim. Chorei muito quando percebi que tinha perdido muito tempo com ela. Não brigamos, apenas nos afastamos. Era a mais sem graça.
Sandra Cecília - Tudo na medida, fisicamente falando do rosto para baixo. Perfeita no relacionamento quando não contrariada. Excelente companhia, quando não contrariada. Muito risonha, quando não contrariada. Chorei muito quando ela, contrariada, me deu uns tapas e se foi. Era a mais violenta.
Pêmula - Gata sob todos os aspectos de gata. Uma loucura. Enturmada, na onda, ligadona. Sabia o nome de todos os tóxicos e alucinógenos em inglês. Era professora de inglês. Muito dengosa, com voz melosa e por vezes com olhar morteiro, perdido... Chorei muito quando ela me deixou porque não aceitei um pó branco que ela me ofereceu. Era a mais doidona.
Luciana - Carinha exótica, de uma beleza juvenil, refletida no aparelho nos dentes e nos óculos de aro arroxeado. Alegre, maníaca por cinema, conhecedora de fitas de vídeo, apreciadora de chocolates importados. Gostávamo-nos num certo sentido, num relacionamento sem sentido. Tínhamos sérias divergências musicais - ela curtia o A.HA. Chorei muito quando ela me deixou devido à nossa diferença de idade. Eu era muito jovem para Luciana. Era a mais garotinha.
Valéria Regina - Elegante como só poucas mulheres elegantes sabem ser. Tinha três características que tornam uma mulher difícil. Além de bonita, era rica e reclamativa, cheia de vontades. Foi um caso com idas e vindas intermináveis. Chorei muito quando ela me deixou definitivamente porque não gostava nada do meu relógio. Era a mais implicante e vazia.
Dora Paula - Grande e vistosa, gostosa, meio ninfomaníaca. Sempre queria mais e mais. Gostava de se exibir, nunca de roupa, na janela de casa ou em parques. Não ligava para nada, nem para as possíveis mordidas de mosquitos. Ela me deixou porque não conseguiu obter prazer com o meu "três em um". Tentou todos os três e nenhum deu resultado. Chorei muito por ela, na operação, ter acabado por quebrar o aparelho. Era a mais estranha.
Flávia - Conhecida carinhosamente por Flavinha. De humores imprevistos. Nunca se sabia se estava de frente ou de perfil. Seu olhar, um misto de apaixonada e padecendo de forte gastrite - me confundia muito. Por vezes dava-lhe um remédio e o que ela queria era um beijo e, vice-versa. Tirando esse detalhe, nos dávamos bem. Não cheguei a me espetar nela. Chorei muito quando ela se foi levada por uma forte ventania. Era a mais magrinha.
Do livro de Humor reflexivo "Sexo, Mulheres e Ecologia" de Luiz Otávio