À SERPENTE ANGEL - Para o texto "Meu Perfil"

Querida Serpente Angel. Gostei muito de ler seu maravilhoso perfil e tendo recebido alguns comentários seus nos quais edificaste minha alma de poeta, achei por bem homenagear-te com um de meus textos de final e início de ano. Diante desse ideal pus-me a compor este comentário no sentido de agregá-lo a algumas páginas de livros meus. Talvez seja vaidade de poeta, pois apresentar partes de literaturas minhas num sentido de homenagear os amigos do RL, (para muitos que não recebem a homenagem) é uma forma de me destacar. No entanto é uma maneira de me conhecerem melhor e terem entretenimento com uma leitura mais longa, direcionada a homenagear o/a colega de letras.

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Escolhi pra você ler, algumas páginas de um livro meu, cujo título é:

"TIMBRELINO, HISTÓRIAS DE UM VIOLINO"

livro lançado em 2001

TRECHO COM O TÍTULO: A VOLUTA MÁGICA

Um caminhante, depois de muito andar, chegou a uma cidade. Estava faminto. Ao avistar uma casa, sentiu de pedir alimento.

Recebeu-o uma criança abraçada a um violino, que lhe perguntou:

- O que deseja em minha casa?

-Estou com fome, seria possível Sua mãe dar-me um prato de comida?

-Oh! claro. Mamãe nunca negou comida a alguém que tenha passado por aqui pedindo.

Sem demora, a mãe, informada pela criança sobre aquela necessidade, serviu-lhe um prato feito com asseio e capricho. A menina ficou ali perto, aguardando ele terminar para guardar o prato. Enquanto esperava, passava o arco nas cordas do instrumento tirando algum som, como se quisesse tocar.

-Acabando de comer o homem perguntou:

-Esse violino é seu?

-Sim ganhei-o de um tio. Tenho desejo de aprender tocar este instrumento. Acho-o tão bonitinho!

-Quer que lhe conte a história de um violino? -disse o andarilho - ouvi de meu pai há muitos anos.

-Que ótimo! Quero ouvir sim.

-Meu pai contou-me que um menino por nome Isoli adquiriu um violino e aprendeu a tocar maravilhosamente. Além disso aprendeu também a fazê-los. Laboriosamente preparava as madeiras a serem usadas. Tinha o máximo capricho ao construir a voluta.

-O que é voluta - interrompeu a menina.

-É a parte que a gente chama de cabeça do violino. Isto daqui ó - mostrava no instrumento onde ficam as cravelhas. - Estas curvinhas enroladas são as orelhas.

-Ah! acho essa parte tão bonitinha!

-Pois bem. Continuando a história, certo dia, quando o menino fazia a voluta de um, na qual usava formões e limas para deixá-la bem feitinha, apareceu em sua casa um estranho homem pedindo comida. Depois que lhe saciaram a fome, ele disse ao menino e a seus pais:

-Pelo prato de comida que me deram, sinto de dar a vocês algum presente - disse mostrando uma estrelinha de metal – encontrei-a anos atrás nos escombros de uma ruína.

-Parece ser de ouro! -exclamou Isoli - vou colocá-la na voluta deste braço que estou preparando.

Foi assim que ao terminar a construção do violino o menino incrustou a linda estrela na curva final da voluta. Tal curva ficava de frente para quem tocava o instrumento, de maneira que estaria sempre à visita do executante.

Depois do violino pronto, não o venderia. Embora tivesse prementes necessidades, mas iria conservar aquele instrumento para si, já que gostava de tocar nas horas vagas e teria nele a lembrança do estranho homem.

Ficou surpreso, quando numa limpeza ao friccionar a estrela ouviu o violino perguntar: O que queres?

"Interessante - pensou Isoli - ao passar a mão nessa estrelinha me pareceu ouvir o violino falar?" Deixe-me ver outra vez:

Ao esfregar a estrelinha, novamente o violino falou:

-Diga-me meu amo o que queres? Pode pedir que lhe será dado. Queres dinheiro, casa, pão, roupas, calçados, flores, água, vinho; uma cidade inteira, um mar inteiro, estrelas, etc.

-Oh! deixe-me pensar... Ah! Quero um violino igual a ti.

Num abrir e piscar de olhos apareceu um outro, idêntico, até com a mesma estrelinha dourada, porém o primeiro instrumento disse-lhe: este é idêntico a mim, porém a estrela não tem o poder da que ganhastes do andarilho.

-Eureka! Que fenômeno! Meu violino tem poderes sobrenaturais. Quero saber por que isto?

-A estrelinha dourada é parte do violino de ouro de um velho, chamado Juvenal, desaparecido a alguns anos. Ele havia recebido poderes transcendentes em razão de suas execuções serem sempre em louvores a Deus. Tal violino não existe mais; foi desfeito pela ambição dos homens. A estrela foi perdida mas encontrada pelo homem a quem destes comida. Ele nunca imaginou que essa estrela, colocada em um violino, tivesse tal poder. Cuide bem de mim, e lembre-se a ambição nunca deve entrar em seu coração!

A voz do violino parecia um coral de anjos. Isoli ficou encantado. Guardaria segredo; nem para seus pais falaria daquele mistério, pelo menos até um tempo oportuno.

Os dias foram passando. Isoli tinha seus sonhos; possuía dois violinos idênticos; um era poderoso. Deu nome ao original de VOLUTA MÁGICA. Através dele conseguia bons proventos o que, aos poucos, foi enriquecendo sua família. Montou uma grande fábrica de instrumentos. Ninguém sabia que seu sucesso provinha de um violino.

Com o passar dos anos Isoli formou-se em medicina, com a ajuda de seu violino, sem que ninguém soubesse, curava todas as doenças. Nem um de seus pacientes morria.

Isoli usava os poderes da estrela dourada apenas para ajudar as pessoas, e principalmente para curar os enfermos.

Em certa época Isoli quis casar-se. Apaixonara-se por uma linda jovem cujo nome era Ivonita. Era meiga e atenciosa e correspondia ao seu amor. Depois de um ano, a partir do dia que se conheceram, casaram-se.

Havia muita felicidade no lar do casal; sempre com a ajuda de Voluta Mágica, já que em todos os problemas encontrados por Isoli havia sua interferência, sempre no sentido de aperfeiçoar a felicidade do casal.

Isoli ficou famoso na área da medicina; tinha cartaz também como um bom violinista, além de tocar outros instrumentos.

Certo dia, não se sabe como, surgiram boatos que Isol tinha um violino mago. A primeira coisa que Isoli fez, foi pedir à Voluta Mágica se ocultar todas as vezes que fosse necessário e em seu lugar ficar o violino cópia. Ninguém nem mesmo sua mulher sabia da existência dos dois violinos idênticos, por conseguinte foi fácil à Isoli continuar usufruindo de suas capacidades, sem que outros conseguissem. Passavam a mão na estrela dourada, mas nada ocorria. Isoli mantinha Voluta Mágica sempre oculto.

Ocorreram muitos fatos nos anos em que Voluta Mágica pertenceu a Isoli. Fez bem a um grande número de pessoas, famílias inteiras tiveram suas vidas modificadas para melhor, já que Isoli gostava de ajudar os menos favorecidos pela sorte.

Um dia Isoli lembrou-se do estranho de quem ganhara a estrela dourada. Pediu à Voluta Mágica, trazer-lhe à presença tal pessoa, que alheio aos acontecimentos se viu, depois de dezoito anos, na mesma cidade onde estivera uma única vez.

Chamava-se Peregrino. Não estava tão velho, porém, parecia mais pobre. Isoli acolheu-o perguntando-lhe se lembrava dele.

-Oh! me lembro sim. Tenho boa memória. Até doei-lhe uma estrelinha dourada de presente. Não sei como vim parar aqui; geralmente nunca volto onde já passei.

-De agora em diante, se quiseres, poderás morar em minhas dependências. Não sei como o esqueci estes anos todos, afinal os princípios de meus sucessos foram a través de ti.

-Eu?! Ora, nunca passei de um peregrino em terra estranha. Como poderia ter sido eu a causa de teus sucessos?

-É segredo, meu amigo Peregrino. Um dia te revelarei. A partir de hoje se quiseres, poderás ser um dos funcionários da fábrica de instrumentos “ESTRELA DOURADA”.

Aceitando, muito progrediu Peregrino naquela indústria.

Com o passar dos anos tudo foi se ajeitando. A industria continuou crescendo. Isoli e Ivonita tiveram quatro filhos, um homem e três mulheres, Elyssa, Gyza e Leily as quais se formaram em medicina, o filho homem por nome David tornou-se um grande técnico em eletrônica; porém nunca souberam do segredo de seus pais em relação à Voluta Mágica.

Peregrino o ex-andarilho, em certa época casou-se, vindo a ter um lar de felicidades; não sabia, porém, que tudo era obra dos céus, através do Violino Mágico de Isoli.

Com relação a nós, os violinos, digo que todos na cidade sabiam; executar-nos; muitos eram funcionários da grande indústria ESTRELA DOURADA que tinha até uma orquestra sinfônica para apresentações de músicas clássicas em dias de festa.

Os quatro filhos do casal Isol e Ivonita faziam parte da orquestra, formavam um quarteto de cordadas: Rabecão, celo, viola e violino, este era executado pela graciosa Leyli que passou a ser proprietária da cópia do Voluta Mágica. Nunca soubera que havia um violino original sempre oculto pelos seus próprios poderes sobrenaturais.

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Essa é a história, ó menininha Angel, da VOLUTA MÁGICA, o nobre violino do bondoso médico e empresário Isoli, cujas ambições nunca ultrapassaram o bom desejo de fazer bem ao próximo, advindo disto a felicidade de uma cidade inteira e de um felizardo peregrino, que embora tarde, ainda viveu anos felizes, surgidos a partir de um simples presente, como uma efêmera bijuteria: uma misteriosa ESTRELA DOURADA

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DESEJO A VOCÊ TUDO DE BOM EM 2011 E QUE DEUS REALIZE SEUS SONHOS NA VIDA REAL - UM CARINHOSO ABRAÇO DO ESCRITOR LUZIRMIL