MARÇO: O Mês de todas as Mulheres Brasileiras

Houve uma época em que a mulher não podia escolher o seu próprio destino. Seu futuro estava sob a tutela de seus pais. No modelo patriarcal imperava o poder do macho, e o homem decidia tudo dentro de casa. A mulher quase não era ouvida. O pai decidia para as filhas com quem deveriam namorar, noivar e casar, já os meninos, estes tinham toda a liberdade do mundo, a bajulação do pai e podia escolher onde queria estudar. Confinada dentro de uma casa, a mulher carregava a sina trazida pelos portugueses, a de que o fortalecimento dos laços e dos vínculos domésticos só seria possível com a figura feminina. Claro, sem a mulher a célula da sociedade torna-se enfraquecida. Foram séculos de repressão sobre a figura feminina. A mulher suportou o machismo, um ranço deixado pelos portugueses e que faz parte da europeização do Brasil. A introdução do modelo patriarcal e o desmantelamento dos modelos tribais nativos fez com que o modos de convivências aqui estabelecidos fossem modificados a gosto do europeu. A mulher nativa era considerada uma deusa da fertilidade, e sem ela nem a agricultura chegaria a produzir, por isso, na visão mitológica do índio, não era tarefa masculina a atividade agrícola, se um homem colocasse a mão na terra para plantar a terra tornaria infértil. A mulher era agricultora e seu valor era elevado à condição divina. No período colonial o costume português suplantou os costumes da mulher indígena e soterrou os valores atribuídos às mulheres que passou a cuidar do lar, dos filhos e do marido. Mas ai veio a República, a mulher moderna. Diferente do tratamento a ela dispensado no período colonial entre 1530 a 1822? Não!

A mulher moderna ficou lá no passado colonial, entrou-se a mulher contemporânea, a mulher republicana, porém os laços que as prendiam continuavam os mesmos, os paradigmas, as opiniões, os preconceitos e o modo de se relacionar com os homens. As leis, os homens, os legisladores, as crenças religiosas, as tradições herdadas a partir da Europa continuavam limitando o avanço e as conquistas femininas, especialmente no mercado de trabalho, no campo da formação escolar, na sua auto-realização, enfim, a tudo isso suplantava os anseios da mulher impedindo o seu crescimento e tornando-a cada dia mais submissa ao poder, a força bruta e às brutalidades masculinas, a mulher é mesmo uma sobrevivente. Apesar de muitas conquistas, a remuneração da mulher em nossa sociedade ainda é menor que a dos homens, exceto em alguns setores mais intelectualizados. A mulher operária, motorista de ônibus e que atuam noutros setores ganhavam cerca de 20 a 11% a menos que um salário pago aos homens, fazendo o mesmo serviço e com a mesma qualidade ou até superior. Essa diferença caiu para 3,27%. A falta de opção com quem deixar a criança, o idoso ou o portador de uma necessidade especial hoje afeta 45% das mulheres, ai entra a (i) responsabilidade dos nossos prefeitos em relação à construção de creches, lugar onde o idoso possa ficar a te a volta dos familiares do trabalho, nem precisa focar asilado o pobre do idoso, vovô ou vovó, mas devia haver uma espécie de creche para idosos, especialmente para aquele de baixa renda e que não pode pagar alguém para cuidar em casa. Abandonar num asilo quem sempre cuidou de nós é covardia, eles, os nossos pais e avós nos carregaram nas costas a vida inteira, perderam o melhor da sua juventude por nós e agora seria desumano asilá-los!

Por que não defender um projeto nas Câmaras Legislativas e cobrar junto aos prefeitos que construam creches para os idosos passarem apenas o período das horas de trabalho sob cuidados de pessoas especializadas e com atendimento geriátrico garantido? Os políticos do Brasil parecem desprezar o próprio passado deles e do nossa país quando desprezam os idosos, eles parecem também não ligar muito com o futuro da nação quando desprezam as crianças com falta de creches. Os portadores de necessidades especiais precisam ser melhores assistidos pelo poder público. O dever do Estado tem sido totalmente negligente quanto aos cuidados que deviam ser dispensados a essas pessoas, e isso acaba fazendo com que cerca de 45% das mulheres fiquem dentro de casa. Isso já não seria uma maneira de desvalorizá-las? Será que é porque a mulher é mais emotiva, é mais solidária, mais compassiva, mais leal no sentido de jamais desprezar alguém indefeso? Acredito quer sim!

Com certeza a parte mais árdua da vida como os cuidados especiais dispensados aos filhos enquanto crianças e até depois de adultos, o cuidado dispensado aos homens, ao lar e às tarefas domésticas continuam sendo o motivo por que muitas mulheres ficam dentro de casa sem crescer intelectualmente e profissionalmente. As que trabalham fora e estudam sobrecarregam-se de tarefas extra-mundo do trabalho, ou seja, ao chegar cansada tem que dar conta da comida, da limpeza, da roupa lavada e passada e da educação dos filhos. Maior parte dos homens jamais faria isso, jamais aguentariam essa sobrecarga, e pediriam arrego em poucos dias sem a mulher. Faça um teste!

A mulher é realmente uma heroína. Todas as mulheres merecem que nesse dia 08 de março, todos os homens do país lhe homenageiem com mil flores nas mãos, lhes encham de belos presentes, lhes ofereçam os melhores jantares e lhes ascendam velas. Que os namorados encham de galanteios as suas donzelas, os maridos, enfim, todos nós homens nos curvemos àquelas que nos deu e nos dão a vida todos os dias, e nos 365 dias no ano. Sem perceber nos esquecemos de elogiá-las, de presenteá-las com um beijo, um abraço, um carinho. Sem perceber, esquecemos de acolhê-las como elas nos acolhem. Precisamos amá-las incondicionalmente, porque, é assim que elas nos amam. Não aceitem brincadeiras, piadinhas que joguem esses seres tão meigos e belos em condições subalternas e desprezíveis, abominem, rechacem e refutem as músicas idiotas que desvalorizam as mulheres, ofereça-lhe nesse dia uma letra romântica, algo que lhes levantem a estima e as façam felizes. Valorize nesse dia a mulher que existe dentro da mulher que você ama e convive!

Joana Dark: a guerreira!

Que a mulher brasileira jamais se esqueça das que morreram e se sacrificaram para que hoje elas tivessem esse avanço que têm, que todas que hoje se encontram numa sala de aula possam saber que o estudo antigamente era privilégio só dos homens, que possam saber todas as mulheres contemporâneas que mais de 120 mulheres tecelãs morreram numa fábrica porque reivindicavam dias melhores, e que só em 1910 em uma conferência na Dinamarca o dia 8 de março foi reconhecido e que a ONU só tornou oficial a data comemorativa em 1975, como sendo esse dia muito importante para homenagear as mulheres. Que saiba você mulher, que o objetivo dessa data não é apenas relembrar as que morreram, mas fazer brotar uma nova consciência de que todos nós fazemos a História, homens e mulheres juntos. Você que ainda protela deixe cair dos teus olhos as escamas do machismo para que possas enxergar com clareza. Lembre-se que em 1431 Joana Dark aos 19 anos de idade, portanto, na flor da juventude foi covardemente queimada viva pela Igreja em uma cerimônia celebrada com a presença do papa e cardeais na Praça do Velho Mercado perante uma multidão de alienados da época. Saibam todas as mulheres, que todas as tragédias universais que a mulher enfrentou com resignação até esse dia, foi para que as que hoje, se as que se encontram em uma situação confortável não se esquecessem nunca que as conquistas de homens e mulheres só foram possíveis graças ao sacrifício de alguns que ficarão para sempre na memória de cada um de nós. Não se esqueçam mulheres brasileiras que toda a luta feminina valeu a pena e que apesar de todos os esforsos, a mulher só pôde ter direito ao VOTO em 1932, e que depois de muitas reivindicações e discussões é que puderam também serem eleitas. Hoje temos uma como Presidente da República, cargo de excelência. E se hoje muitas estão no poder Legislativo, Executivo e Judiciário, é por que...

Vocês lutaram e evoluíram.

Parabéns mulheres!

Viva o Dia Internacional da Mulher!

Feliz dia da Mulher!