Conjecturas da Velha Lisboa
Do meu eterno trono de pedra e sal
Jamais tenho eu dele me levantado
As minhas mãos muito brancas de cal
Ímpios, reis, nobres e santos hão já beijado.
E aos meus pés inamovíveis de granito
Os povos e seus impérios hão já curvado
Meu poder enfim extendeu-se ao infinito
E meu cetro e rigor já lhes hão castigado.
Não sei se sou hoje como eu fui já antes;
Meus becos já foram o meu sexo adúltero
São minhas veias as ladeiras abundantes
São meu sangue milhões de pés andarilhos
E me espanto por ainda que não tendo um útero
Fui a ama, a rainha e a mãe de tantos filhos!
Londres, 27/07/2011