Um Dia Noite

“Era meia-noite, o sol brilhava entre as trevas de um dia claro e bonito. O Taturana, vestido sem roupas e com as mãos nos bolsos, estava sentado de pé, numa pedra de pau de um rio seco, dizia: “Eu prefiro morrer do que deixar de viver.”

Naquele momento, o Brito, meio surdo, ouvia um mudo falar, e o Fabitus, corria paralítico atrás de um carro parado.

Bem longe daqui perto, o loirão careca penteava seus lindos cabelos negros da noite para o dia. O Ricardo, que não come carne, sentiu uma louca vontade de comer em pratos sem alimentos. Vi peixes treinando natação num rio seco e outros suicidando para viver.

Ao acordar dormindo, sonhei que estava acordado. Quando acordei, percebi que estava dormindo.”

Fiz algumas adaptações, mas quero homenagiar a Grace, autora do poema, ao Fabitus, ao Ricardo, que não come carne, e ao Tatoo, o homem a quem se confia um órfão.

Serafim da Mágoa
Enviado por Serafim da Mágoa em 08/12/2006
Código do texto: T312527