A vida como ela não é

Devo confessar que sempre fui um adolescente avesso à leitura. Naquela época eu era um rapazote de 16 anos, que trabalhava como office-boy em um escritório de contabilidade, fazendo serviços bancários, postagens nos Correios e visitas à repartições públicas.

Nesse ofício tão interessante, ao invés de ficar na fila dos bancos, esperando minha vez, eu fazia amizade com um funcionário do estabelecimento e deixava um malote em cada um e; antes do banco fechar, ia até lá e pegava os boletos autenticados. Era minha esperteza daquela época.

Bom, enquanto esperava, eu corria para o Bar Sports e ficava jogando fliperama, gastando parte do meio salário mínimo que recebia, jogando Fênix, Pinball e Double Dragon (nossa, tô velho!).

Entretanto, quando não tinha dinheiro, pegava o jornal "Notícias Populares"* para ver as chacinas, os homicídios, os acidentes, as gatas do NP, o futebol e as crônicas do Voltaire de Souza.

Porisso vou dizer: as crônicas do Voltaire de Souza fizeram com que eu começasse a ler mais.

Ele criava personagens como o Pai Fukuta, o pai de santo japonês, a Lindaura, uma mulata escultural, o deputado Corrupião, dentre outros personagens, os quais eu mentalizava e imaginava como seriam.

As histórias eram muito engraçadas, mesclando escândalos da época e o cotidiano das grandes cidades brasileiras, até que o NP sumiu do mercado.

Com a internet, fiquei sabendo que Voltaire de Souza era o pseudônimo de um tal de Marcelo, mas sei que ele está vivo por aí, de olho no mensalão, do dinheiro na cueca, e outros acontecimentos que dariam boas histórias.

* Notícias Populares, também conhecido simplesmente como NP, foi um jornal que circulou em São Paulo entre 15 de outubro de 1963 e 20 de janeiro de 2001[1] e era conhecido por suas manchetes violentas[2 e sexuais. É considerado até hoje "sinônimo de crime, sexo e violência. Seu slogan era "Nada mais que a verdade". O jornal era publicado pelo Grupo Folha, mesma empresa que publica os jornais Folha de S. Paulo e Agora São Paulo e publicava o jornal Folha da Tarde.

(Fonte: Wikipédia)

BORGHA
Enviado por BORGHA em 09/01/2012
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T3430559
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