O RAMALHETE
Se for considerado que foi num dia de março que Deus fez a mulher, creiam: ficará, possivelmente, um impulso para perguntar: Qual delas entre tantas maravilhas mereceu mais o Capricho Divino? A mulher externa: elegante, aromática, cientista, letrada, discreta, politizada e especialista em estágios,cargos, funções sociais, etc.? Ou a mulher interna: literalmente fêmea e cidadã?
Provavelmente, tal resposta não seria encontrada na maior biblioteca virtual pós-moderna que a sociedade dispõe neste momento: o Google. A partir disso, vale questionar: De quanto seria o gigantismo dessa questão não respondida? Talvez fosse simplesmente o fato de se acender uma afirmação de que a tecnologia se torna diminuta e sombria diante da claridade feminina, que se concentra nos sonhos, gestos, sensibilidade e equilíbrio.
Mas quem? Quem não almejaria alcançar um olhar poético de Cora Coralina, as cores de Tarsila do Amaral, a coragem de Joana D’Arc, as mãos artesãs de Ana das Carrancas, o cuidado de médicas, enfermeiras, professoras, motoristas, copeiras, doceiras e tantas outras trabalhadoras?
Não. Não seria o homem. Este apenas se move, esbraveja e volta pelo único caminho que reconhece: o do corpo. Entretanto, a mulher tem, inerentemente, muitos outros trópicos mais distantes, rodeados de ilhas e sombras ainda inabitadas.
Por isso e pelo justo Dia 08 de Março é que expresso, na minha homenagem às mulheres, o desejo de alcançá-las e parabenizá-las na alma, recanto mais longínquo que há no ser humano. A todas este prosaico ramalhete de admiração e respeito. E se ainda assim lhes faltar alguma flor nesta metáfora, acreditem: será só literatura.
Antônio Moreira Barros